São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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SABBHA RANKS

GABRIEL BASTOS JUNIOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Dancehall, a mistura dançante entre reggae e rap, tem um líder mundial: Shabba Ranks.
O DJ se prepara para lançar um novo álbum em março (ainda sem nome). O primeiro single —"Let's Get It On"— está para sair.
Passando a maior parte do tempo em Miami e vendendo milhões de discos pela "major" Epic (no Brasil, Sony), o maior falastrão da Jamaica muda de tom em entrevistas.
Em vez de "gangsta reggae", Mr. Loverman (sr. Amante, como se apresenta em um de seus maiores hits) prefere posar de "positive vibrations" e falar de Deus, amor e cultura negra.
Desmente, principalmente, o sexismo de seu dancehall. "Todo mundo diz que minha música é sobre sexo quando, na verdade, eu falo de amor", reclama o pobre incompreendido.
Mais surpreendente é a religiosidade de Shabba. "Em Deus cumprirei meu destino. Andarei por sobre o inferno, por sob o inferno, por entre o inferno. O inferno não prevalecerá."
Sabendo da surpresa causada por uma declaração destas, principalmente vindo dele, Shabba se explica: "Não falo disto em minha música, mas se estou conversando com alguém, quero lembrar o Todo Poderoso".
Shabba Ranks chegou a ser acusado de abandonar a Jamaica, quando se tornou um pop star internacional. Ele nega que tenha trocado sua terra natal pelos EUA.
"Eu não moro nos EUA. Tenho um contrato e trabalho lá, por isso passo a maior parte do tempo nesse país, mas assim que isto tudo terminar estarei de volta à Jamaica", garante.
Enquanto isto, ele aproveita seu sucesso comercial para dar um empurrãozinho na carreira de novos DJs, como Shaggy e a "lady" Patra, os dois mais recentes fenômenos jamaicanos.
"Se você ensina alguma coisa para quem está começando, então seu trabalho é permanente", diz.
Estes iniciantes, assim como a maioria dos adolescentes que compram seus discos, vêem em Shabba uma espécie de pai do dancehall. Mas ele não esquece os mais velhos.
O reggaeman lembra que, na década de 70, já havia Yellowman. "Ele foi o primeiro a assinar com uma major e abriu as portas para o mundo. Tem também Uroy, King Stich e muitos outros que ninguém conhece. Eles criaram o dancehall nos anos 60."
Para ele o estilo não é uma moda de verão. Diz que depois de conquistar uma prova de reconhecimento como o Grammy, que ele ganhou em 1993, e com novos talentos surgindo, o dancehall vai existir para sempre.
Culpa dele? "Estou orgulhoso de colaborar com o progresso do reggae, da Jamaica e do povo africano."

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