São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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Economia sofre com a guerra

FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL

A economia do Equador já sente os efeitos da guerra contra o Peru. Os exportadores e o sistema financeiro foram os primeiros afetados pelas medidas decretadas na semana passada para levantar os 100 bilhões de sucres (cerca de US$ 42,3 milhões) de que o país precisa para continuar financiando a guerra.
Para os exportadores, acabou a isenção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), de 10%. O imposto sobre as vendas externas deve gerar receita de US$ 30 milhões mensais. O Equador exporta cerca de US$ 300 milhões por mês.
Cresceram violentamente nos últimos dias os saques de dinheiro de pessoas físicas e empresas nos bancos. Havia temor de que as contas fossem bloqueadas.
Os saques obrigaram o Banco Central do Equador a criar uma linha de crédito para os bancos, garantida com o próprio patrimônio das instituições financeiras.
A linha de crédito prevê que os bancos possam tomar emprestado do Banco Central um valor equivalente a 50% de seu patrimônio.
Em algumas cidades as contas foram efetivamente bloqueadas, permitindo-se somente pagamentos de contas como luz e água.
No setor público, o Departamento do Tesouro do Equador confiscou, em caráter temporário, todos os saldos positivos das empresas estatais que tiveram lucro no ano passado. O dinheiro foi transferido diretamente para o caixa do Ministério da Defesa.
Na Bolsa de Valores de Quito, as ações caíram cerca de 1% ao dia, em média, desde 23 de janeiro, quando se acirraram os conflitos na fronteira com o Peru.
Analistas ponderam que não devem ocorrer grandes oscilações nesse mercado, devido ao seu tamanho limitado. Em janeiro, a Bolsa equatoriana movimentou o total de US$ 115,6 milhões.
Os bancos também já registraram movimentação do dinheiro de investidores, de aplicações de longo prazo para papéis com vencimento mais curto.
Com a indefinição no campo político (e nas frentes de batalha), os investidores estão preferindo a liquidez (dinheiro mais rápido na mão) à rentabilidade.
(FcZ)

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