São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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Lei seca do fumo; Prioridades de FHC; Os verdadeiros culpados; Pseudomoralistas de plantão; Uma língua, culturas várias; Parabéns, deputado; São Paulo dá o tom

Lei seca do fumo
"Não vou comentar o 'decreto do fumo' do sr. prefeito. Nem vou mencionar que respeito à cidadania implica o respeito às liberdades individuais, virtuosas ou viciosas, delimitadas pela Constituição. Não vou lembrar que diante de liberdades individuais conflitantes, a civilidade recomenda concessões de ambas as partes, não a truculência de uma sobre a outra."
Erney Plessmann Camargo, professor titular da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

"Parabéns pelo artigo publicado em 2/01, de Luís Francisco Carvalho Fº, criticando o decreto que pretende estatuir o que se poderia chamar a 'lei seca do fumo'. Estávamos precisando de um artigo como esse, abordando não só a flagrante inconstitucionalidade da medida como também 'a verdadeira face ecologista' do prefeito."
Gontran Guanaes Simões (São Paulo, SP)

"Por que somente os fumantes devem ter garantido o direito de exercitarem sua vontade? Os não-fumantes não são cidadãos? Devem ser obrigados a fazer suas refeições respirando a fumaça dos cigarros alheios?"
Ignacio Zurita (São Paulo, SP)

"Se São Paulo tivesse seus moradores com serviço de esgoto, água, residência digna, alimentação adequada, serviço médico eficiente, a atitude do sr. Maluf proibindo fumar em bares e restaurantes mereceria aplausos. Como infelizmente não é isso que se vê, esse decreto é mera promoção."
Edvaldo P. de Souza (Osasco, SP)

"A esfumaçada São Paulo amanheceu sob a luz de mais uma duvidosa lei que reprime e pune o uso do tabaco em bares e similares. Por que será que as leis em vigor não se aplicam severamente, e não de forma tênue, às tenebrosas chaminés das grandes indústrias bem como à frota de veículos?"
José Moacyr Bunhek (São Paulo, SP)

"Já imaginou? Gente grande voltando às experiências da adolescência, escondendo-se nos banheiros para dar uma tragadinha furtiva. Lanço o meu mais enfático protesto: que tal o prefeito se ocupar de coisas mais úteis do que atropelar os boêmios que curtem bares para um chopinho, um bom papo, um cigarro e quem sabe?"
Liliana Hertzriken (São Paulo, SP)

"Por que não obrigar todos os paulistanos a usar uma placa onde constem o nome, o endereço e o RG, de modo que nossos bravos fiscais possam lavrar as multas facilmente?"
Sérgio Pinheiro Lopes (São Paulo, SP)

"Escrevo para expressar minha discordância a respeito do artigo do sr. Antonio Ermírio de Morais (edição de 29/01) em que ele sugere inibir a formação do hábito de fumar pelo aumento do preço dos cigarros. O dinheiro desviado para a compra de cigarros nas camadas mais pobres da população certamente acarretará piora ainda maior na qualidade da alimentação dos filhos desses fumantes."
Carlos A. G. Bijos (São José dos Campos, SP)

Prioridades de FHC
"Acabo de ouvir o pronunciamento de Sua Majestade o presidente da República. Sinto-me um idiota. Pois só um idiota como eu não consegue compreender os profundos argumentos ofertados por tamanha sapiência para justificar atos tão nobres quanto a ratificação de aumentos inexplicáveis, vergonhosa anistia e veto a um salário mínimo que nem dá para pagar uma cesta básica. Estou pensando em promover um grande êxodo para o México. Lá, com certeza, receberemos todos uma ajuda do governo brasileiro..."
James Willians Goodwin Jr. (Belo Horizonte, MG)

"As promessas feitas por FHC na campanha e no discurso de posse de priorizar o social e redistribuir as rendas foram rapidamente esquecidas. Ao candidato interessava conquistar as massas. Para o presidente, porém, o importante é conquistar o Congresso."
Myriam Estellita Lins Barbosa (Rio de Janeiro, RJ)

"Excelente o artigo de Josias de Souza de 23/01, em que se adjetiva de 'lucenização' de FHC o comportamento do presidente no caso Lucena."
Flávio Lauria Ferreira (Manaus, AM)

Os verdadeiros culpados
"Merece aplausos o artigo 'Os verdadeiros culpados', de Janio de Freitas (14/01). É preciso que a sociedade civil tome consciência de que o inchaço da máquina administrativa e a consequente elevação dos gastos com o funcionalismo são decorrentes do nepotismo e do clientelismo político."
Maurício Marques Trigueiro (Belo Horizonte, MG)

Pseudomoralistas de plantão
"Parabéns a Carlos Heitor Cony por seu lúcido e oportuno artigo 'Bode expiatório' (22/01). Infenso às vaidades pessoais e grupais, Cony fere de morte o pseudomoralismo que assola o país, sobretudo em início de governo. Será que os arautos da moralidade têm estrutura moral para acusar?"
João de Oliveira Avelino (Rio Branco, AC)

Uma língua, culturas várias
"Na edição de 23/01, a Folha publicou o texto 'A Comunidade Lusíada', do sr. Ives Gandra da Silva Martins. A opinião e o trabalho do sr. Ives Gandra são de extrema importância, não só pelo fato de termos uma língua geral (a portuguesa) vivendo uma cultura vária entre oceanos e raças, mas sobretudo pela virtude de uma geopolítica econômica que pode transformar o mundo lusófono em eixo de importância estratégica para a Comunidade Européia e o Mercosul, com passagem pela África. Entretanto é bom não esquecermos que existe uma língua comum, mas assente em culturas nacionais, o que leva a colocar a questão acordo ortográfico. Por respeitar a cultura vária sou contrário à unificação, à generalização grotesca imposta pelo mercantilismo global com que querem dotar a língua, pois o africano e o brasileiro não são o mesmo que o português quando falam de suas coisas, paixões e pátrias —ou são?"
João Barcellos (Cotia, SP)

Parabéns, deputado
"É raro um homem público criticar a falta de mobilização a favor da escola pública como fez o deputado Roberto Freire (PPS-PE) no Painel do Leitor da edição de 13/01."
Marisa Ramos Barbieri (São Paulo, SP)

São Paulo dá o tom
"Sobre o artigo 'São Paulo dá o tom', de Marcos Augusto Gonçalves (25/01), gostaria de posicionar-me a respeito. A cultura litorânea —especialmente a carioca— a que se refere me parece antiquada e nem um pouco original. Quem sabe uma reciclagem de valores seria de bom tom..."
Jefferson Bandeira de Mello (Rio de Janeiro, RJ)

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