São Paulo, terça-feira, 7 de fevereiro de 1995
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Receita com exportação de frutas cai 3,5%

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento dos preços no mercado interno, em função da forte demanda, derrubou a previsão de recorde nas exportações brasileiras de frutas frescas.
Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), os embarques em 94 alcançaram US$ 127,9 milhões, com queda de 3,5% sobre o valor obtido no ano anterior (US$ 132,6 milhões).
Até novembro passado, técnicos do governo e empresários estimavam que as exportações bateriam novo recorde, ficando entre US$ 150 milhões e US$ 160 milhões.
Uva, banana, abacaxi e manga foram as frutas que contribuíram com a queda das exportações.
As vendas de uvas no mercado externo somaram 7.100 t, no valor de US$ 8,5 milhões, abaixo das 12,6 mil t de 93, com faturamento de US$ 14,6 milhões.
A Valexport, associação de produtores do Vale do São Francisco, previa até novembro passado que a região exportaria 1,8 milhão de caixas de uva em 94.
Comenta-se no mercado que esse número baixou para 400 mil caixas. O restante foi enviado para São Paulo, onde as geadas diminuíram a safra local.
Esta quebra, mais o aquecimento da demanda motivado pelo Plano Real, atraiu os produtores nordestinos.
Cesar Coutinho, presidente da Curaçá Agrícola, de Pernambuco, diz que a empresa colocou no mercado interno em 94 cerca de 900 t da sua produção total de 1.000 t de uvas.
No ano anterior, a relação foi inversa. Perto de 90% foram embarcados para o exterior.
"Não vamos abandonar o mercado externo, que demorou para ser conquistado. Mas o volume que enviaremos para o exterior dependerá do comportamento do câmbio", diz Coutinho.
Para Manoel Dantas Barreto Filho, presidente da Frunorte, uma das principais empresas exportadoras de melão do país, o empresário do setor de frutas nunca teve visão de longo prazo.
Segundo ele, as cadeias de supermercados na Europa fazem uma programação anual para o recebimento de frutas em suas lojas.
"Não é uma boa conduta o empresário deixar seu cliente numa situação desesperadora", diz.
O presidente da Frunorte acredita que agricultores e empresas precisam aumentar em cerca de 10% a produção de frutas a fim de abastecer o mercado interno, aquecido pelo Plano Real, e não abandonar o externo.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã, Luiz Borges Júnior, prevê que as exportações de maçã em 95 não ultrapassem 1,2 milhão de caixas de quatro quilos, com faturamento próximo dos US$ 15 milhões de 94.
Até novembro passado, ele projetava o embarque este ano de 2 milhões de caixas, no valor de US$ 20 milhões. Mas reviu sua previsão por causa do aumento da demanda no interna.

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