São Paulo, terça-feira, 7 de fevereiro de 1995 |
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Maior consumo de chá anima produtor
DA REPORTAGEM LOCAL O crescimento do consumo de chá está abrindo um mercado amplo e lucrativo para quem investir no cultivo da erva-mate.No Paraná, segundo Jorge Mazuchowski, coordenador do projeto de erva-mate da Emater, existe mercado para o triplo da produção atual beneficiada, que gira em torno de 55 mil t/ano. No Rio Grande do Sul, a produção poderia ser no mínimo duplicada. "Temos um consumo de mais de 80 mil t/ano, enquanto a produção não passa de 40 mil/t ano", afirma Décio Bozzetto, engenheiro florestal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. Ele estima que com um investimento inicial de R$ 630 por hectare, utilizando tecnologia média, é possível obter um rendimento de R$ 3.700 por hectare/ano. Esta alta rentabilidade, de acordo com ele, é atingida a partir do oitavo ano de produção. Nesta fase, a produtividade chega a 15 t/ano de erva verde por hectare. "Mas já a partir do segundo ano a produção cobre as despesas de manutenção", diz Bozzeto. A alta demanda pelo produto no Rio Grande do Sul já elevou os preços da arroba (15 quilos) para o produtor de R$ 3,30 para R$ 3,70, nos últimos quatro meses. No Paraná, a média gira entre R$ 1,80 e R$ 2,50 por arroba. Segundo Bozzeto, a cultura não exige gastos altos com adubação e defensivos. "A ocorrência de pragas é insignificante e só a partir do quarto ano é necessária uma fertilização química". Cada hectare comporta entre 2.600 e 3.300 mudas. As árvores produzem por um período de até 60 anos e a colheita pode ocorrer em qualquer época do ano. Sem mecanização da colheita e com utilização de mão-de-obra familiar, Marcos Ferreira, engenheiro florestal do Instituto Ambiental do Paraná, calcula um investimento inicial de R$ 300 por hectare. Segundo ele, o Paraná produz cerca de 12 milhões de mudas, em 300 viveiros particulares. "O número de produtores triplicou desde 1990, porque a erva-mate vem oferecendo um rendimento melhor do que o café e o milho", avalia Ferreira. Além da expansão do mercado interno, Bozzetto destaca as possibilidades de exportação para o Japão e países europeus. Ele calcula que o mercado japonês absorveria cerca de 50 mil t/ano de erva-mate, que acabarão sendo supridas pela Argentina, se o Brasil não aumentar e melhorar a qualidade de sua produção. Atualmente o Brasil exporta cerca de 25 mil toneladas, 10% da produção nacional, principalmente para Chile e Uruguai. Conforme estimativas do IBGE, a produção proveniente de áreas cultivadas saltou de 18,5 mil toneladas por ano em 81 para 97,3 mil toneladas nesta década. A produção originária de plantas nativas é de cerca de 150 mil toneladas. Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, desenvolveu um estudo em que aponta a erva-mate como alternativa econômica para o sudoeste paulista. "A região é a única do Estado onde há plantas nativas e apresenta clima favorável para a cultura, mas ainda é inexplorada comercialmente", diz. Entre as indústrias que produzem chás, a concorrência acirrou-se com a entrada no mercado da multinacional italiana Parmalat. A empresa está investindo US$ 5 milhões na produção mensal de 290 mil litros de chá pronto com sabores de pêssego, menta e limão. A Leão Júnior, de Curitiba, dona do Mate Leão, também aposta no crescimento do consumo de chá pronto em copos, que responde por 15% de seu faturamento. "Estamos estudando o lançamento de outros sabores, além do limão, e investindo em equipamentos para nossas fábricas de envasamento", diz Ivo Leão, presidente da empresa. A indústria também pretende ampliar sua participação no mercado através de franquias para fábricas de envasamento e distribuição. Em 94 a Leão Júnior consumiu 15 mil toneladas de erva-mate beneficiada, 7% a mais do que em 93. Para este ano, Ivo Leão calcula um consumo de 16 mil toneladas. Segundo Glauco Furtado, vice-presidente da Mate Real, também de Curitiba, a empresa aumentou o consumo de matéria-prima de 4.000 t/ano para 6.000 t/ano, nos últimos dois anos. Há 160 anos no mercado, a Real também começa a correr atrás dos consumidores jovens. A empresa está lançando o mate com limão em copinhos, seguindo o exemplo bem-sucedido de sua maior concorrente, a Leão Júnior. "Estamos iniciando com uma produção mensal de 500 mil copinhos, mas vamos ampliá-la à medida em que conquistarmos um espaço maior no Nordeste e Rio de Janeiro", prevê Furtado. Ele afirma que a empresa busca novos mercados também no Oriente Médio. Texto Anterior: Chuvas fortes prejudicam práticas agrícolas em SP Próximo Texto: Equivalência vai levar governo a comprar 1,2 milhão de t de arroz Índice |
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