São Paulo, terça-feira, 7 de fevereiro de 1995 |
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Impasse coloca em risco a política de garantia dos preços mínimos
FERNANDO HOMEM DE MELO
Os dois erros de política agrícola foram a drástica e equivocada redução das tarifas de importação de importantes produtos, notadamente arroz, algodão, milho e trigo e a não-efetiva regionalização dos níveis dos preços mínimos. As altas taxas de juros no mercado financeiro criam elevado diferencial em relação às taxas de juros no mercado internacional. Isto deprime os preços agrícolas ao onerar o carregamento dos estoques agrícolas e, adicionalmente, provoca forte apreciação da taxa de câmbio real (quase 30% entre julho/94 e janeiro último). Essa apreciação diminui os níveis de preços reais FOB dos produtos de exportação e dos preços CIF daqueles que competem com as importações, ambos medidos na moeda nacional. Como consequência do Plano Real, houve expressivo aumento da demanda interna de produtos agrícolas, causada pela drástica queda da inflação e do crescimento da atividade econômica. Entretanto, no limite, o efeito-preço desse aumento de demanda esbarrará no menor preço CIF de importação de vários produtos agrícolas. Estas quatro circunstâncias estão colocando a política de garantia de preços mínimos em impasse. Eles deveriam ter sido monetariamente corrigidos em 24% no último dia 1º, conforme os termos do pacote agrícola de agosto último. Mas não foram, pelo menos até agora. Neste contexto, não é surpresa verificar que os preços de mercado das culturas cobertas pela política estejam perigosamente aproximando-se dos preços mínimos fixados em agosto de 94. É o resultado da não-efetiva garantia dos níveis reais dos preços mínimos na situação descrita. Dadas as quatro circunstâncias, os preços mínimos não podem simplesmente ser corrigidos monetariamente. Caso o sejam, o que é improvável, problemas ocorrerão com as necessidades de recursos, a imobilização das disponibilidades do crédito do custeio em EGF-COV e, principalmente, maiores e desnecessárias importações. Texto Anterior: Equivalência vai levar governo a comprar 1,2 milhão de t de arroz Próximo Texto: Preços crescem em São Paulo após implantação do Plano Real Índice |
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