São Paulo, terça-feira, 7 de fevereiro de 1995
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Liderança de bloco afro critica Neves

Cardeal proibiu missa para Ilê-Ayê

DO ENVIADO ESPECIAL

O presidente do bloco Ilê-Ayê, Antônio Carlos dos Santos, diz que o cardeal primaz d. Lucas Moreira Neves foi preconceituoso ao não autorizar a missa de comemoração dos 20 anos do grupo.
A missa deveria ser realizada em novembro de 93. Neves considerou seu roteiro muito próximo de rituais de umbanda e proibiu que padres participassem da cerimônia ou que ela fosse celebrada na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que fica no centro histórico de Salvador.
A resposta mais dura do Ilê-Ayê virá no Carnaval deste ano, quando os 3.000 integrantes do bloco sairão com uma fantasia onde está estampada um protesto contra a "discriminação religiosa" da igreja.
Santos diz que a missa respeitava toda a liturgia católica. "Nós só introduzíamos músicas nossas, percussão, cânticos e danças, era muito bonito".
Para evitar atritos com o cardeal Neves, o roteiro da missa foi enviado para ele com antecedência. "Ele solicitou mudanças e nós atendemos, mas na última hora ele avisou que não ia autorizar a missa", diz.
Neves nega a versão do presidente do Ilê-Ayê. "A missa tinha elementos de outras religiões e ainda incentivava a disputa entre os blocos", diz.
Santos costuma ironizar a atitude do cardeal lembrando que ele tem antepassados negros. "O bispo é negro, mas não gosta dessas coisas, típicas de negão mesmo".

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