São Paulo, terça-feira, 7 de fevereiro de 1995 |
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Globo exibe Rolling Stones sem comentários
MARIA ESTER MARTINHO
Evidente que a Globo não fez nenhum "Stop Making Sense" ao vivo. Ninguém esperava que fizesse. Mas cercou-se direito. Teve acesso às imagens captadas pelas câmeras da equipe da turnê —mais íntimas dos músicos e da ação do show—, plantou as suas próprias em ângulos variados e acompanhou, com uma câmera suspensa, a movimentação de Mick Jagger nas laterais do palco, produzindo temperatura para a transmissão. Com tanta coisa na mão, a direção de imagens trabalhou bem a partir de "Sparks Will Fly". Até ali, tensa, perdera a entrada dos Stones (menos Jagger) em "Not Fade Away" e incorrera seguidamente no tique nervoso de voar para longe nos intervalos entre canções, deixando de registrar detalhes curiosos no palco. Uma certa falta de senso de ação continuaria causando desperdícios —em "Miss You", um solo de sax mereceu longo close, enquanto o amasso dos vocais Lisa Fischer e Bernard Fowler passava batido—, mas nada que fizesse o resultado cair do patamar do correto. Em geral, foi daí para cima. A transmissão —que volta ao ar em versão compacta sexta-feira, depois do "Jornal da Globo"— teve ótimo índice de aproveitamento dos truques fixos do show (Keith Richard tocando teclado com o pé, Lisa lambendo Jagger, Jagger encoxando Lisa etc.), mais algumas curiosidades (como quando Jagger arrancou da boca de Ron Wood o terceiro cigarro que este tentava acender). E momentos quentes, em que a edição entrou no ritmo: "Sympathy for the Devil", "Midnight Rambler", "Street Fighting Man" e "Jumping Jack Flash". O show ajuda, claro. Não há plano feio possível sob aquela luz. Para onde quer quer se aponte a câmera, sempre haverá assunto: o palco, os grafismos no telão, os infláveis, uma lenda viva —ou, pelo menos, Lisa Fisher de maiô. O que não desmerece a competência da transmissão, que poderia ter tropeçado no excesso de informação visual ou transformado tudo em um festival de fusões fáceis. Bem que tentou. Mas foi só em "Out of Tears". Nada grave. Texto Anterior: Intelectuais querem 'copyright' da miséria Próximo Texto: Maestro de "Amadeus" se apresenta no Brasil Índice |
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