São Paulo, terça-feira, 7 de fevereiro de 1995 |
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'Filme paulistano' retrata meninos de rua
LEON CAKOFF
Ficou impressionado com a sua desenvoltura, a elegância do andar, por entre carros e pessoas da av. Paulista. Como uma câmera, aproximou-se dela várias vezes, quase colando o seu rosto no dela, sem ela nunca perceber que estava sendo "filmada" por um mestre do cinema contemporâneo. Em uma dessas aproximações, a menina comeu restos de um hambúrguer no lixo de um "fast-food" e em outra ela achou uma revista feminina num lixo de escritório. Ela folheou a revista, separou algumas páginas de figurinos e continuou andando. "A menina não pedia esmola, era simplesmente a dona de um espaço invadido por carros, ruídos e gente estranha", observaria Kiarostami naquela noite de fim de outubro. Em seguida ela encontraria um amigo de rua, que anda sempre com um jornal debaixo do braço e que também parece dominar a situação na avenida. Kiarostami voltou ao seu quarto de hotel e começou a chorar e a escrever o que viu e sentiu. Começava a nascer "The Good, Good Citizen". Kiarostami pretende recriar esta situação e rodar o filme ao longo de toda a avenida Paulista, como se fosse um filme sem cortes. Pelos cruzamentos da Paulista passariam as informações culturais do país. Além das meninas e dos meninos de rua, Kiarostami quer no elenco do filme os atores Patrick Bauchau e Maria de Medeiros, que também conheceu em São Paulo. Em fax recebido de Paris no dia deste encontro em Teerã, Kiarostami lia os primeiros elogios da sua produtora francesa a "The Good, Good Citizen": "Tem um clima de filme de Hitchcock. Gosto muito da idéia do 'filme-ônibus'." (LC) Texto Anterior: Diretor fez primeiro longa em 74 Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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