São Paulo, quinta-feira, 9 de fevereiro de 1995
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Acusado de matar professora é preso no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Civil do Rio prendeu Antônio Jorge Amorim Viana, 35, o Danone, acusado de ser o autor dos cinco tiros que mataram em 28 de janeiro a historiadora Maria Beatriz do Nascimento, 52, militante do movimento negro.
Danone confessou o crime na 10ª DP, em Botafogo (zona sul), para onde foi levado após a prisão.
Ele bebia no bar Garota do Flamengo (zona sul) na noite de anteontem quando foi preso por três detetives da 10ª DP.
Danone não reagiu. Esticou as mãos para os policiais lhe colocarem as algemas e lamentou sua sorte: "Perdi mais uma vez."
Aos policiais, Danone disse que matou a historiadora porque ela o teria ofendido e humilhado na frente de amigos no bar Pasteur, em Botafogo, na noite do dia 28.
Danone afirmou que agiu em momento de "descontrole emocional", motivado por uma mistura de bebida alcoólica e remédios para dores estomacais, supostamente consumidos antes de ir ao bar onde ocorreu o assassinato.
Maria Beatriz lecionava história na escola estadual Roma, em Copacabana, e participava de curso de mestrado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ela era conhecida militante do Movimento Negro. Há um ano, fez palestras na Europa sobre a questão da negritude no Brasil. Na UFF (Universidade Federal Fluminense), fundou o Grupo André Rebouças, de análise da situação do negro no país.
Segundo Danone, a historiadora estaria aconselhando sua mulher, Áurea, a deixá-lo. Teria também o chamado várias vezes de presidiário na frente de amigos.
Danone cumpria em liberdade pena de 11 anos e 6 meses de prisão, por homicídio, tentativa de estupro e uso de drogas. O benefício foi concedido há um ano e quatro meses pela Vara de Execuções Penais.
Após matar a historiadora, Danone disse ter fugido para Cabo Frio, município a 150 km do Rio.
Danone teria retornado ao Rio na terça-feira. Ele disse que estava no bar à espera da mulher.
Os policiais foram avisados através de telefonema sobre o retorno do criminoso ao Rio e sua presença no Garota do Flamengo.
Danone afirmou que trabalhava como mergulhador profissional e pescador. "Não tinha dificuldades financeiras", disse.

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