São Paulo, quinta-feira, 9 de fevereiro de 1995 |
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Desabrigados invadem creche na zona leste
DANIELA FALCÃO
Na tarde de segunda, 10 barracos da favela desabaram matando cinco pessoas. Após o desmoronamento, a prefeitura interditou todas as casas da região, mas não ofereceu abrigo para os moradores. A Secretaria de Família e Bem Estar Social diz que a invasão foi política. A administração regional da área diz que não há como abrigar os sem-teto (leia ao lado). "A gente ficou no meio da rua, na chuva, das 13h às 22h. Depois fomos para um galpão da igreja, mas era muito apertado, não tinha banheiro e estava com goteiras. O jeito foi invadir a creche", contou o vigia José Miguel Henrique, 58. Henrique vivia na favela havia cinco meses com a mulher, duas filhas e dois netos. "Morava em São Mateus (zona leste) numa casa bem ajeitada. Mas só ganho R$ 130 por mês e não conseguia pagar o aluguel. Tive que vir para cá." Henrique diz que ainda paga o empréstimo que fez para construir a casa. "Desde que expulsaram a gente passo as noites em pé, vigiando. O que tenho está na casa e não vou correr o risco de perder." Uma das filhas do vigia, Simone Maria de Jesus, 21, está grávida de cinco meses e afirma que só saiu da casa porque foi ameaçada por fiscais da prefeitura. "Eles disseram que se eu não saísse iam passar por cima da casa com trator. Fiquei oito horas debaixo de chuva com meus filhos de 4 e 1 ano até aparecer o padre e levar a gente para a igreja", disse Simone. Texto Anterior: Chuvas deixam 7.500 sem aulas Próximo Texto: Moradores de Ermelino Matarazzo em creche municipal Índice |
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