São Paulo, quinta-feira, 9 de fevereiro de 1995 |
Próximo Texto |
Índice
Efeito México atrai varejo ao Brasil
NELSON BLECHER
Essa expectativa coincide com a visita ao país de Bob Martin, presidente da divisão internacional do maior grupo mundial de varejo. O executivo desembarca em São Paulo na próxima quinta-feira, procedente de Buenos Aires, onde o grupo também passará a operar. Deve detalhar, pela primeira vez em público, a dimensão dos negócios da Wal-Mart no país. "As empresas varejistas norte-americanas estão rediscutindo seus investimentos e projetos no México e voltando sua atenção aos demais países latino-americanos", afirma especialista do setor, o consultor Marcos Gouvêa de Souza. Ele constatou essa tendência durante a 84ª Convenção Norte-Americana de Varejo, realizada, no mês passado, em Nova York. Também presente ao encontro, Martin usou de diplomacia ao mencionar as sequelas da crise mexicana. Referiu-se a elas como "dores de curto prazo". Mas também afirmou que o grupo está reavaliando seus negócios no México e, segundo Souza, anunciou que vai manter os planos traçados para Argentina e Brasil. O investimento inicial alcança US$ 120 milhões, a serem empregados na montagem de três lojas, a primeira delas com inauguração prevista para junho próximo, na Grande São Paulo. Há outros pesos pesados igualmente interessados em marcar presença no Continente. A Kmart, arqui-rival da Wal-Mart, avalia sua entrada no país. A loja de departamentos J.C. Penney, dos EUA, planeja fincar sua marca no Chile ainda este ano. "O interesse pelo Brasil está vinculado ao crescimento do comércio na sequência de bem-sucedidos planos de estabilização no Chile e na Argentina", diz Souza. Além disso, consideram que as condições de competitividade do mercado nacional são favoráveis. O número de concorrentes é inferior ao que estão habituados no mercado norte-americano. É consenso entre as grandes redes que a aliança estratégica nos moldes que a Wal-Mart armou com as Lojas Americanas representa o caminho mais adequado para penetrar nos mercados emergentes. Uma das cadeias a ser implantada no país é do tipo supercenter, que mescla lojas de descontos de 15 mil metros quadrados com ampla variedade de produtos e supermercado. É o segmento que mais prolifera nos EUA. Primeiro no ranking mundial montado pela consultoria Management Horizons, o grupo triplicou seu faturamento em seis anos (de 1988 a 93). O número de lojas saltou, nesse período, de 1.380 para 2.540. A Kmart, que opera com mais de 4.000 lojas, colheu receita inferior. Entre os 20 maiores grupos mundiais há sete norte-americanos, cinco alemães e quatro franceses —o Carrefour dobrou o faturamento em seis anos e ocupa a 10ª posição. À exceção da Sears, Roebuck, 4ª colocada, que após sofrer reestruturação se recupera da crise financeira, os demais registraram crescimento de vendas nesse período. Próximo Texto: GE quer investir US$ 10 mi no país Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |