São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995
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PFL ameaça votar contra veto de FHC ao mínimo

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA DA VITÓRIA(BA)

Erramos: 15/02/95
Diferentemente do que foi informado nesta reportagem, a ameaça do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) de votar contra o veto do presidente Fernando Henrique Cardoso ao mínimo de R$ 100 foi feita em Santa Maria da Vitória (BA) enquanto o presidente estava na cidade. Quando FHC disse que "daria para o mínimo não R$ 100, mas R$ 500 ou R$ 1.000 (...)", referia-se diretamente às críticas de ACM, o que a reportagem não esclarece.
O PFL ameaça votar a favor da derrubada do veto ao salário mínimo de R$ 100 caso o governo não apresente uma solução alternativa para o atual valor de R$ 70.
O reajuste, aprovado no dia 17 de janeiro pelo Congresso, foi vetado anteontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ontem, em Santa Maria da Vitória (989 km de Salvador,na Bahia), o senador e principal liderança do PFL, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que o governo "corre esse risco".
Segundo ACM, ele mesmo votará a favor da derrubada do veto, se nada for proposto até que o Congresso aprecie o asssunto. Os novos parlamentares iniciam suas atividades no próximo dia 15.
"Acho que se o Congresso não deve apreciar o veto antes que o governo resolva o problema do salário, senão há o risco de o veto ser derrubado", disse. Para ele, o atual mínimo de "aviltante".
O senador acompanhou o presidente no lançamento da campanha "Acorda Brasil. Está na hora da escola", em Santa Maria da Vitória (BA). Suas críticas ao ato presidencial foram feitas após FHC deixar a cidade.
Segundo o principal cacique pefelista, "agora, ele (o presidente) vai ter de encontrar uma solução ao assunto o mais rápido possível, porque o povo é sensível a coisas concretas e o governo não pode apenas ficar em promessas".
ACM disse que FHC deve encontrar uma "solução política". "A sua popularidade só será refeita se encontrar um caminho para a questão do salário, que é crucial". Segundo Datafolha, em um mês de governo, a aprovação ao governo despencou de 70% para 36%.
FHC e o veto
Ao chegar à cidade, o presidente comentou seu veto. Disse que, por ele, "daria para o mínimo não os R$ 100, mas sim R$ 500 ou R$ 1.000, mas que não existem esses reais". Para o presidente, as empresas podem pagar mais que R$ 70, mas o governo não.
Na ocasião, quando questionado sobre a possibilidade de derrubada do veto, FHC disse ter certeza "que os deputados e senadores vão entender isso (o veto)".
Depois em Diamantina (MG), ainda sem saber das declarações de ACM, FHC voltou a rebater críticas à sua decisão.
"Muitas vezes ouvi críticas (quando era ministro da Fazenda): 'Mas não é possível, o ministro que tem um passado ao lado do povo, agora está contra?' Nunca estive contra, como não estou agora. Então eu digo não quando acho que é necessário dizer, para poder dizer um sim amanhã que tenha firmeza", disse o presidente.
Em Brasília, ao saber das críticas de ACM, o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse que o partido "respeita a opinião de seus membros, principalmente de uma pessoa abalizada como o senador".

Colaboraram a Agência Folha e a Sucursal de Brasília

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