São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995
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Menem pede a correntista para usar só banco 'sólido'

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino não está conseguindo contornar a crise que atinge cerca de 30 bancos e o pânico criado entre os correntistas. O presidente Carlos Menem orientou ontem a população a utilizar somente bancos de primeira linha.
Menem disse que os correntistas devem procurar realizar depósitos em "bancos com conhecida solidez". Na Argentina, o Banco Central não garante nenhum tipo de depósito, nem mesma a caderneta da poupança.
O presidente argentino irritou-se com as declarações de uma das principais lideranças o Partido Justicialista, que sustenta o governo, Eduardo Duhalde, governador da Província de Buenos Aires.
Duahalde afirmou que "haverá problemas econômicos depois das eleições" de maio, quando Menem disputa um segundo mandato. Duhalde tem feito críticas frequentes ao ministro da Economia, Domingo Cavallo.
O pânico se instalou entre correntistas depois que mais um banco (o quinto em 45 dias), o Basel, suspendeu suas operações e informou que somente pagará no máximo US$ 3 mil por cada investidor.
O presidente do Banco Central, Roque Fernández, também tentou tranquilizar o mercado financeiro. Disse que o Ministério da Economia pode criar um novo fundo de socorro aos bancos insolventes -que não conseguem pagar seus compromissos em dia.
Desde que a crise no sistema financeiro em dezembro, como consequência da desvalorização do peso mexicano, o banco estatal "La Nación" compra a carteira de créditos das instituições em dificuldades no esforço de evitar quebra generalizada no sistema bancário.
Domingo Cavallo quer transformar esses créditos adquiridos das instituições em fundos fechados de investimentos. A idéia é lançar títulos no mercado interno e externo.
"Temos que deixar claro que não são todos os bancos que têm problemas. são casos pontuais. É evidente que a desvalorização do peso mexicano afetou a economia argentina", afirmou ontem o presidente do Banco Central.
Ele reconheceu, pela primeira vez, que os investidores estrangeiros estão saindo da Argentina ou deixando de fazer aplicações em papéis do país -ações e títulos do Tesouro.

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