São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995
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Equador diz que já trocou militares

FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL

As Forças Armadas do Equador afirmam já ter concluído a substituição dos militares que estiveram na frente de combate nos últimos 30 dias. Não foi revelado o total de soldados substituídos.
Em entrevista à Folha, alguns soldados que chegaram a um dos pontos de retorno disseram que passaram entre 15 e 30 dias nas frentes de combate.
Eles retornavam de helicópteros e faziam parte de um destacamento de pelo menos 250 homens.
Muitos se diziam "estressados" pela tensão. Vários tinham curativos por causa de ferimentos leves.
O grupo que retornou ontem fazia parte dos destacamentos de Base Sur e Tiwinza. Os soldados negaram que os peruanos estejam controlando as duas bases.
A maior parte dos soldados carregava uma mochila e um fuzil belga FAL. Alguns portavam lançadores portáteis de mísseis.
Durante o tempo em que estiveram na frente de combate, segundo testemunhas, os soldados ficaram escondidos em trincheiras cavadas ao redor dos destacamentos.
Dividiam-se sempre em grupos de 20 a 25 homens e nunca deixavam seus postos. O abastecimento de munição e alimentos era feito por outros soldados que seguiam trilhas até as trincheiras.
Comiam uma refeição reforçada por dia (como guisados frios, principalmente) e alimentos secos.
Segundo os soldados, a estratégia de ataque dos peruanos tem sido bombardear pesadamente as posições do Equador e, em seguida, mandar grupos de até 70 soldados em incursões na selva.
Em um desses ataques, segundo o cabo Edgardo Luna, 30, equatorianos e peruanos trocaram tiros a menos de 20 metros de distância.
Neste combate, morreram um soldado, Pullaguri e um sargento, Carlos Timborazo. Ambos foram atingidos por tiros de fuzil.
Segundo os soldados, muitos peruanos têm sido mortos e feridos por minas antes de chegarem próximos aos equatorianos.
Os soldados não revelaram se os ataques da Força Aérea do Peru aos destacamentos estão produzindo muitas baixas.
Todos os soldados que chegavam ontem eram recebidos por oficiais e ganhavam um uniforme novo, botton, toalha, sabão, escova e pasta de dente. Recebiam também uma Fanta laranja e sanduíches de queijo.
Ao fundo, soava uma marcha militar para recebê-los: "Vamos cobrar nossa dívida. Não com papéis e diplomacia, mas no campo com o fuzil".
(FCz)

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