São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Governo não proporá alternativa a mínimo, diz Malan

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o governo não pretende fazer nenhuma proposta alternativa ao veto do presidente Fernando Henrique Cardoso ao salário mínimo de R$ 100.
FHC vetou o aumento do mínimo na última quarta. O presidente condicionou sua concessão à aprovação, pelo Congresso, de uma nova legislação previdenciária. O governo estima que o aumento provocaria déficit de mais de R$ 5 bilhões na Previdência.
O ministro disse também que o abono de R$ 15 sobre o mínimo concedido pelo ex-presidente Itamar Franco para vigorar este mês não será incorporado ao salário.
As condições para o aumento do mínimo, de acordo com o ministro, estarão dadas quando ele não criar uma sobrecarga insuportável para a Previdência Social e para as folhas de pagamentos de Estados e municípios, especialmente do Norte/Nordeste.
Outra condição para o aumento, disse Malan, seria a de o mínimo não exercer pressão inflacionária, inclusive por servir de referência ao reajuste de vários outros tipos de remuneração.

'Irrisório e humilhante'
Malan listou essas condições em um longo discurso para empresários do setor financeiro, durante almoço no Jockey Club do Rio de Janeiro, a convite da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto).
Ele usou adjetivos como "irrisório e humilhante" para definir o valor atual do mínimo a afirmou que ele precisa ser aumentado por "razões de natureza humanitária, ética e de compaixão".

'Efeito vodca'
Pedro Malan voltou a dizer que o governo não está preocupado com a hipótese de o Brasil vir a enfrentar problemas como os vividos pelo México e que começam a ocorrer na Argentina.
"Eu já ouvi referência ao efeito tequila (bebida mexicana), efeito saquê (bebida japonesa), efeito vodca (bebida russa), efeito pisco (bebida peruana)... Toda vez que ocorre algo em algum país, se pergunta se não pode também ocorrer aqui. Acho uma perda de tempo esse tipo de pergunta", disse.
Para Malan, na raiz da crise que outros países estão vivendo está a elevação dos juros nos Estados Unidos, que provocou fuga de capitais dos mercados emergentes.
Mas, segundo ele, os números e respostas do Brasil são diferentes e o governo brasileiro não permitirá que se repita aqui "o que está ocorrendo no país A, B, C ou D".

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