São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Calçadistas também querem 35% de imposto para os importados

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A exemplo de algumas montadoras, a indústria de calçados também quer que o governo aumente o Imposto de Importação de sapatos. No caso, de 20% para 35%.
Representantes da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) estão tentando marcar encontro com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, para formalizar o pedido.
"Até agora o ministro se recusou a nos receber. É que nós não temos tanto poder quanto as montadoras", diz Heitor Klein, diretor-executivo da associação.
Segundo ele, os sapatos chineses chegam ao país com preços muito baixos —entre US$ 1,50 e US$ 2,00 o par e são vendidos por até US$ 6,00 o par nas lojas.
A indústria nacional não consegue competir com esses preços, argumenta Klein. Para ele, a única alternativa é o aumento da alíquota de importação, "já que há deficiências na aplicação da lei antidumping brasileira".
Ele conta que a concorrência dos importados e a valorização do real fazem o setor encolher.
A indústria de calçados fechou 1994 com 139,7 mil funcionários. No final de 1993 empregava 153,4 mil. Nestes dois anos faturou US$ 6 bilhões por ano entre vendas externas e internas.
"As exportações estão desabando", afirma Klein. Segundo ele, os exportadores de calçados embarcaram US$ 1,94 bilhão em 1993 e US$ 1,62 bilhão em 1994. Neste ano, este número não deve passar de US$ 1 bilhão.
Exportadores de calçados de Franca (SP) informam que os embarques diminuíram 50% depois do Plano Real. A expectativa é de apenas US$ 70 milhões de exportações este ano. Em 1993 foram US$ 240 milhões.
"Perdemos competitividade", afirma Paulo Henrique Cintra, presidente do sindicato que reúne os fabricantes de Franca.
Segundo ele, a defasagem entre o custo e o preço do sapato exportado, afirma, é de 30%, incluindo a defasagem cambial e os aumentos de custos das matérias-primas.
A indústria têxtil também quer que o governo volte a sobretaxar a entrada de tecidos artificiais e sintéticos da Coréia e da China. Hoje a alíquota para importação desses produtos é de 18%.
"Os tecidos artificiais e sintéticos coreanos e chineses têm entrada predatória no Brasil", afirma Paulo Skaf, vice-presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).
Segundo ele, 30 mil toneladas desses tecidos importados chegaram no país no ano passado, volume equivalente à produção nacional anual. "Isso é desleal."
Além dos tecidos asiáticos, outros artigos importados começam a preocupar o setor: camisas de malha e produtos de algodão.

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