São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Mandela visita sua antiga prisão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da África do Sul, Nelson Mandela, retornou ontem à prisão da ilha Robben, onde passou parte de seus 27 de cadeia.
Mandela, 76, liderou um grupo de 1.300 ex-prisioneiros políticos na visita à pedreira onde realizou trabalhos forçados.
A visita à prisão localizada numa ilha nas proximidades da Cidade do Cabo marca o quinto aniversário de sua libertação.
Na pedreira, Mandela quebrou uma pedra que fará parte de um memorial em homenagem às pessoas que foram presas na ilha.
Em seguida, o presidente visitou sua antiga cela, onde descerrou uma placa com a mensagem: Marcados nessas pedras você vai encontrar a dor de nossa luta, a tristeza de nossas perdas e os alicerces de nossa vitória.
Ele usava óculos escuros para proteger os olhos, lesados pela poeira e luz refletida na pedreira nos anos em que esteve preso.
Nós viemos aqui celebrar o espírito humano, que nos permitiu enfrentar alguns dos mais cruéis abusos de direitos humanos, afirmou Mandela.
O presidente sul-africano ficou preso na ilha por 18 anos, até 1982, quando foi transferido para uma cadeia no continente.
O seu Congresso Nacional Africano venceu a primeira eleição multirracial da história do país, no último mês de abril, mas seu governo de coalizão também tem integrantes do Partido da Liberdade Inkatha, cujo reduto é entre os zulus, e o Partido Nacional, do ex-presidente F. W. de Klerk.
Ex-prisioneiros namibianos também participaram da cerimônia, que foi financiada por 40 empresários brancos, que pagaram US$ 9.000 cada um. A Namíbia esteve sob controle sul-africano durante vários anos.
Os antigos prisioneiros se abraçaram enquanto lembravam histórias do tempo de prisão. É como um sonho para mim, disse Anthony Gazi ao chegar.
Eu me sinto muito mal porque não gosto de ver esse lugar. Fico bravo porque fizeram coisas muito ruins conosco aqui, disse George Hobana, 67, que voltou ao local pela primeira vez desde que completou sua pena em 1967.
Atualmente há 762 presos comuns na ilha.
O governo canadense recusou visto para Winnie Mandela, que vive separada de Nelson Mandela. Segundo o secretário de Winnie, o Canadá não dá visto de entrada para pessoas com ficha criminal.

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