São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995 |
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DPs fecham à noite com medo de assaltos
LUÍS FERNANDO BOVO
A reportagem visitou há duas semanas delegacias na zona sul, considerada a região mais violenta da capital, e achou o 25ª DP (Parelheiros), o 48º DP (Cidade Dutra), o 85º DP (Jardim Mirna), o 80º DP (Vila Joaniza) e o 43º DP (Cidade Ademar) com as portas trancadas. Quem mais sente o efeito da medida é a PM. "Todo dia vem gente aqui reclamar que achou os distritos fechados", falou um soldado que trabalha na área abrangida pelo 25º DP e pelo 85º DP e que não quis se identificar. Nesses casos, a pessoa só consegue registrar a queixa quando a própria PM a leva até o DP. "Às vezes, deixamos de atender coisas mais importantes para servir de táxi. Ainda temos que bater meia hora no DP até alguém atender." Na companhia da PM que abrange a área do 80º DP e do 43º DP acontece o mesmo. "Enquanto eles ficam dormindo, a gente fica cuidando das ocorrências", falou outro soldado da PM, que também preferiu não dizer o nome. "Eles sempre ficam em quatro pessoas no plantão. Não tem por que ter medo", disse o PM. O principal argumento dada pelos delegados-titulares dos DPs para explicar as portas fechadas à noite é o medo de que haja ações de resgates de presos. "Existe aquele mito de que a delegacia é um lugar seguro. Isso não existe. É bem possível que um ladrão entre aqui para roubar armas, por exemplo", disse José Roberto Fernandes Colete, 52, delegado-titular do 48º DP. Ele disse que a ordem dada aos delegados plantonistas é manter as portas abertas sempre. "O que acontece é que temos poucos funcionários e vários presos", falou. "Isso só deve acontecer quando todos os policiais de plantão saíram pra cuidar de um caso", falou o assistente do 25º DP, Osmar Ayres Sobrinho, 45. Para o delegado José Almeida de Souza, 42, titular do 43º DP, o maior problema do DP e o que provavelmente faz com que os plantonistas se tranquem na delegacia é a lotação das celas. "Temos 112 presos. Entre eles, traficantes e ladrões. Não é nada impossível que alguém tente resgatá-los", afirmou. souza falou que está tentando resolver o problema da superlotação. "Estamos transferindo presos." Texto Anterior: 'Vocês serão a elite da sociedade' Próximo Texto: Formiga 'diz' a engenheiro que água vai invadir casa Índice |
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