São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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É preciso moderar o consumo

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

A inflação divulgada pela Fipe na sexta-feira continua a sinalizar queda. Os técnicos do instituto, embora prevendo uma pequena alta nas próximas semanas, acreditam que a inflação em fevereiro ficará abaixo de 1%. Ou seja, praticamente o mesmo nível de janeiro.
Março pode ser um pouco mais complicado, em função do ajuste das mensalidades escolares. Mas teremos no primeiro trimestre um resultado fantástico do ponto de vista do controle da inflação.
O estancamento do processo inflacionário gerou aumento significativo no valor real dos salários. Estatísticas recentes do Seade, em São Paulo, mostram um aumento de quase 40% no poder aquisitivo dos trabalhadores nos setores informais da economia paulistana.
O mesmo ganho aparece nas estatísticas salariais da Fiesp, isto é, no setor formal do mercado de trabalho em São Paulo.
Por outro lado, o crescimento da atividade econômica está provocando um aumento contínuo no número das pessoas empregadas. Pela primeira vez em muitos anos, a Fiesp reporta aumento no nível de emprego no mês de janeiro.
Com isso, a massa total de salários pagos, que é o produto do salário unitário pelo volume de pessoas empregadas, está tendo crescimento elevado.
Se a esse aumento na massa de salários adicionarmos a rápida reconstrução do mercado de crédito ao consumidor —já há financiamentos com 12 prestações mensais— chegamos a uma situação de vigorosa expansão no consumo interno.
Boa parte dessa demanda por bens vem sendo sustentada pelo aumento das importações. Em janeiro passado, o volume de fechamento de câmbio de importações foi quase três vezes maior do que a média verificada nos últimos quatro anos.
Embora os números de fevereiro mostrem um certo arrefecimento no nível das importações, o crescimento será de quase 100% em relação ao mesmo mês nos anos passados.
Para que os resultados de longo prazo do Plano Real não sejam comprometidos pela volta da inflação ou colapso da balança de pagamentos é absolutamente necessário que o governo tome rapidamente medidas que diminuam a febre de consumo que se abateu sobre o brasileiro.

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