São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Situação do Brasil não é a do México

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Nos primeiros oito dias úteis do mês, o Banco Central mostrou que todo o esforço das políticas cambial e monetária se concentra na reversão do déficit da balança comercial.
O empenho é para deixar patente à comunidade financeira internacional que a situação do Brasil é muito diferente da mexicana.
O Banco Central sustenta o over-selic (a queda da taxa na semana passada foi marginal) para que o exportador não tenha dúvida de que fará um ótimo negócio se antecipar o câmbio. E restringe as importações.
O preço que tem de pagar é, contudo, elevado: a radicalização da atual política cambial. O BC terá de levar às últimas consequências o equívoco da apreciação exagerada da taxa de câmbio.
A valorização do real prosseguirá enquanto as condições forem favoráveis ao BC. Mas elas não continuarão assim indefinidamente.
O volume de ACC vem declinando. Mesmo assim, as exportações ainda superam o total remetido para fora do país, o que garante superávit cambial diário.
Mas a taxa só irá se equilibrar e o dólar parar de cair se os ACCs diminuírem ainda mais. Isso, porém, é ruim para a balança comercial. De duas, uma: ou o Banco Central passa a comprar dólar ou aumenta o juro real.
Mesmo que não haja elevação da taxa, para o investidor esse esforço está sendo recompensador: todas as aplicações de renda fixa, inclusive a pior delas, o FAF (ou fundão), exibem alentado juro real.
Para uma inflação média de 1% para os próximos 30 dias, a contar de amanhã, o departamento técnico da "Agência Dinheiro Vivo" projeta um ganho real de 1,71% para o fundo de renda fixa pessoa jurídica, de 1,67% para o fundo DI pessoa jurídica, de 1,57% para o de commodities e de 0,94% para o Fundo de Aplicação Financeira (FAF ou fundão).
Na segunda quinzena de fevereiro, os CDBs irão incorporar cada vez mais a queda nominal dos juros na virada deste mês para o próximo. A taxa por dia útil vai passar de 0,174% em fevereiro para 0,138% em março, de acordo com projeções do mercado futuro de juros.
Como março tem cinco dias úteis a mais que fevereiro (23 contra 18), apesar da rentabilidade efetiva do CDI subir de 3,18% para 3,23%, o juro por dia útil recua.
O CDB a ser negociado amanhã, por exemplo, tem dez dias úteis em fevereiro e dez em março. Na terça-feira, sai um dia de fevereiro e entra um de março, reduzindo a taxa nominal.
Os fundos de renda fixa tradicionais prometem ganho melhor. Eles carregam nas carteiras vários lotes de CDBs antigos, que embutem perspectiva de juros maiores.
Vale lembrar que, no começo do mês, os negócios a termo sinalizavam taxa-over de 4,20% para março. Na semana passada, a projeção cedeu para 4,10%.

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