São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nem aumento do IPI derruba o ágio

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre os "populares", de 0,1% para 8%, anunciado pelo governo na última quinta-feira, não vai acabar com o ágio, segundo revendas e fabricantes.
A nova alíquota do IPI, segundo cálculos preliminares do governo e de montadoras, vai provocar aumento de cerca de 9% no preço final do veículo.
Aplicando esse percentual médio sobre os valores atuais de tabela (veja Guia de Preços), os novos preços dos "populares" ficariam assim: Corsa Wind 1.0 custaria R$ 8.088; Fusca 1.6, R$ 7.421; Gol 1.000, R$ 7.973; Escort Hobby 1.0, R$ 8.129; Mille Electronic, R$ 7.925; Mille ELX 2 portas, R$ 8.435; e 4 portas, R$ 8.898.
Até a última sexta-feira, o governo não tinha formalizado o aumento. Os revendedores da Fiat, montadora que lidera o mercado de "populares", foram os que mais criticaram o novo imposto.
"Se o governo pensa que o aumento vai acabar com ágio, está muito enganado", disse Eduardo Sampaio Ramos, diretor da revenda Fiat Portofino.
Para Ramos, o sistema Mille On-Line da Fiat "foi a única coisa séria feita até agora para acabar com o ágio".
O sistema On-Line, no qual se encomendava o veículo diretamente nas concessionárias da marca, foi suspenso pelo governo no dia 2 de fevereiro.
Através dele, a Fiat garante já ter entregue, pelo preço de tabela, mais de 50 mil unidades do Mille.
A Fiat informou que só vai divulgar nova tabela de preços quando o decreto for oficializado.
Ainda segundo a montadora, quem ainda não recebeu o Mille através do sistema On-Line não pagará nenhuma diferença por conta do aumento da alíquota do imposto dos "populares".
Sergio Reze, presidente da Fenabrave (que reúne as redes de concessionárias), se manifestou contrário ao novo imposto. Para ele, os preços devem mesmo sofrer acréscimo aproximado de 9%.
Os lojistas independentes também reclamaram do aumento.
"O consumidor menos favorecido mais uma vez vai acabar pagando a conta", afirmou José Mauro Nassar, da Automotion.
"Quem é sério não consegue trabalhar com 'populares', porque já nos oferecem modelos com R$ 2 mil ou R$ 3 mil de ágio. O pior é que isso deve continuar", disse Jairo Romagnoli, da loja Romag, na Vila Prudente.

Texto Anterior: Fiesta 1.3 chega com bom desempenho
Próximo Texto: Importador quer manter preço
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.