São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995 |
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Inpe já faz previsão do tempo para 5 dias
JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
Alimentado 24 horas por dia com dados de pressão, temperatura, ventos, precipitações e nebulosidade de todo o planeta, o supercomputador, em operação desde novembro último, processa modelos matemáticos. Estes modelos podem calcular, em apenas uma hora e meia, a quantidade de chuva que deve cair em determinada região para um período de até cinco dias. Segundo Carlos Nobre, chefe do CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos) do Inpe, as previsões de tempo são feitas para períodos de cinco dias no sul do Centro-Oeste e região Sudeste. A probabilidade de acerto das previsões varia entre 90%, no primeiro dia, e 60%, no quinto dia, como nos países desenvolvidos. Para a Amazônia e o Nordeste, a previsão abrange três dias, com acerto provável entre 80% (primeiro dia) e 60% (terceiro). O chefe do CPTEC acredita que no mínimo a previsão numérica pode elevar a produtividade das lavouras em 5% onde for utilizada. "A agricultura do Centro-Sul pode ter um aumento de pelo menos US$ 2 bilhões em sua receita, quando todos agricultores adotarem em seu dia-a-dia a previsão numérica", afirma Nobre. Desde 86, o CPTEC vem fazendo previsões do tempo e estudos climáticos com material gerado no exterior, sem detalhamento para o Brasil. Com o supercomputador, o país passa a produzir suas próprias previsões. "Vamos ganhar rapidez e confiabilidade, além de desenvolver no país uma tecnologia de ponta", diz Nobre, ressaltando que o supercomputador permitirá a elaboração de previsões direcionadas para diferentes regiões. O supercomputador foi comprado pelo MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) no Japão por US$ 30 milhões, financiados pelo banco japonês Marubeni. Para montar a infra-estrutura do CPTEC em Cachoeira Paulista (195 km a nordeste de São Paulo), o governo brasileiro entrou com US$ 11 milhões. "A previsão numérica modifica a maneira dos produtores trabalharem, pois permite planejamento do plantio, tratos culturais e colheita", diz Nobre. Cerca de 50 empresas e cooperativas, como Aracruz, grupo Itamarati, Copavel e Leite Paulista, já utilizam o boletim do tempo do Inpe, comercializado pela Funcate (Fundação de Ciência, Tecnologia e Aplicações Espaciais). O boletim é divulgado duas vezes por semana, mas em seis meses deve ter periodicidade diária. Para o CPTEC funcionar integralmente, segundo Nobre, o governo precisa investir US$ 20 milhões anuais, metade no Inpe e a outra parte no sistema de estações de observação pelo país. Atualmente estão sendo aplicados no máximo US$ 7 milhões. LEIA MAIS Sobre o supercomputador na pág. 6-3 Próximo Texto: Frente fria enfraquece na sexta Índice |
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