São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Raul Seixas inspira jingle da Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma versão publicitária de "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", a canção que se tornou marca registrada de Raul Seixas, confere um sabor de novidade criativa à campanha de rádio que promove o Atlas Histórico, nova série de fascículos da Folha.
"Eu nasci há dez mil anos atrás/E a história desse mundo/É o Atlas Folha/'The Times"', diz o refrão, que começou a ser veiculado domingo passado.
Adaptar música popular em jingle é uma prática corriqueira na propaganda. O que chama atenção nessa peça é que se mantém fiel ao estilo corrosivo destilado por Raul Seixas e seu parceiro, o escritor Paulo Coelho.
"Tivemos a preocupação de obter uma grande afinidade com a letra original. Além disso, a música é pertinente com o produto anunciado", diz o publicitário Renato Konrath, da agência W/Brasil, autor do jingle juntamente com o colega Marcelo Pires.
"Eu vi os vickings invadindo Inglaterras/Subjugando os mais fracos/Eu vi", diz uma das passagens.
"Bate direto no ouvido", disse Gabriel Zellmeister, diretor da W/Brasil.
"É a melhor peça publicitária de rádio já veiculada pela empresa", opina Flávio Pestana, diretor de marketing e circulação da Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha.
"É o tipo de campanha que possibilita valorizar o rádio tanto ou até mais que a TV", acrescenta Pestana. Tanto que a Folha decidiu ampliar a verba de veiculação de rádio e divulgar o jingle durante sete semanas seguidas.
Em busca de uma voz com características semelhantes às de Raul Seixas, a produtora Juke Box pesquisou arquivos dos ativos fãs-clubes do cantor.
A escolha recaiu sobre Amorim Menezes, conhecido "cover" oficial de Raul, que vai encarná-lo durante o desfile carnavalesco da Escola de Samba Mocidade Alegre, cujo enredo homenageará o cantor.
Negociados os direitos autorais pelo prazo de 90 dias com Coelho e os herdeiros do cantor, foram cinco dias de gravação em estúdio.
Guitarras com pedal simulam efeitos de amplificadores valvulados iguais aos utilizados por Raul Seixas.
"Esse jingle é um alívio, uma pausa no ar", disse ontem Samir Razuk, principal executivo da Bandeirantes, uma das mais de cem emissoras que difundem a mensagem no Estado de São Paulo.
Ele destaca o fato de a peça ter sido especialmente criada para o rádio, o que não é frequente —por uma questão de economia, grande parte dos jingles veiculados nessa mídia não passa de trilhas adaptadas de comerciais de TV.
"O problema é que muitas dessas trilhas não têm força no rádio", diz Razuk.
O diretor-superintendente da rede Transamérica, Calil Bassid, 51, elogia o tempo de duração, de dois minutos. "Nos EUA, nem constam das tabelas de preço comerciais com menos de um minuto", diz.
Para ele, a escolha da música de Raul também foi acertada. "Que rádio no Brasil nunca tocou Raul?"
Para Alexandre Hovoruski, 28, diretor artístico da rádio Jovem Pan, "a letra se encaixa perfeitamente na música. Acho que vai dar um excelente resultado".
Segundo ele, o público da Pan deve se identificar com a linguagem do comercial: "Nós usamos muito as paródias na nossa programação."

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