São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Eletropaulo pede que OAS devolva prédio cedido à empreiteira em 91

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A diretoria da Eletropaulo vai pedir de volta à OAS um prédio que foi cedido à empreiteira em 1991. O negócio, segundo avaliação do governo Covas, foi lesivo ao patrimônio público.
Pela transação, a empreiteira ganhou o direito de explorar comercialmente o prédio, com um shopping center, por um período de 50 anos.
Em troca, a estatal receberia 25% do aluguel das lojas. O prazo de meio século já chegou a ser considerado um exagero pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).
A direção da Eletropaulo vai procurar convencer a OAS de que o negócio foi lesivo ao Estado e tentar um acordo amigável para a devolução —o que seria algo inédito na relação entre empreiteiras e governo no Brasil.
Caso não obtenha êxito, o governo pretende retomar o prédio com ações na Justiça. A direção da construtora informou que vai aguardar um comunicado oficial sobre o assunto. Depois disso, anuncia a sua posição.
"Foi uma imoralidade, mas temos agora a chance de desfazer o negócio", disse o presidente da Eletropaulo, Paulo Feldmann, 45.
O prédio é o edifício Alexandre Mackenzie, localizado na rua Xavier de Toledo (região central de São Paulo).
No local funcionava a sede da Eletropaulo até a realização do negócio com a empreiteira, no final do governo Quércia (1987-91).
Para fazer a mudança dos funcionários, a estatal alugou um prédio no bairro do Itaim, que pertence à empreiteira Camargo Corrêa. O aluguel mensal custa hoje US$ 900 mil. Segundo Feldmann, a Eletropaulo prepara a operação de retorno dos funcionários para a antiga sede. "Não tem sentido ficar pa gando aluguel se o Estado dispõe do imóvel", disse o presidente.
O negócio do prédio da Xavier de Toledo rendeu outras despesas, além do aluguel pago à Camargo Corrêa. Já no governo Fleury (1991-1994), a estatal iniciou a construção de um outro prédio, que funcionaria como a nova sede da Eletropaulo.
Depois de gastar US$ 195 milhões, o dobro do orçamento inicial, o prédio não foi concluído —precisa de pelo menos US$ 60 milhões a mais para ficar pronto.
No final do ano passado, o contrato com a empreiteira Andrade Gutierrez, responsável pela construção, foi cancelado.
A construtora, de acordo com a direção da Eletropaulo, ainda recebeu US$ 45 milhões de pagamentos atrasados pela obra inacabada e de custos considerados acima dos valores de mercado. Como nenhuma grande empreiteira conseguia receber os seus débitos nesse período, o cancelamento do contrato foi considerado um grande negócio no setor da construção civil.

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