São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Brasileira faz filho andar nu a 0°C

LUÍS EDUARDO LEAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A brasileira Ana Rita Aparecida P., 43, foi condenada anteontem pela Justiça austríaca a seis meses de prisão por ter obrigado seu filho Wolfgang, 11, a sair nu em Viena no final de dezembro.
A mãe fez com que o filho saísse sem roupa pelas ruas da capital austríaca no dia 21 de dezembro, a uma temperatura de zero grau, porque o garoto havia demorado a voltar da escola naquele dia.
Wolfgang foi encontrado por dois policiais que trabalham em uma embaixada próxima ao Belvedere, um palácio muito visitado na região central de Viena.
Ao ver os policiais se aproximarem, o garoto tentou fugir, mas acabou sendo alcançado. Eles deram um casaco ao menino e perguntaram o que fazia nu na rua.
Wolfgang contou o motivo do castigo e os policiais o levaram até sua casa, em Wieben, um bairro classe média de Viena.
Ao ser interpelada pelos policiais, Ana teria confirmado os motivos da repreensão. O nome completo da brasileira não foi divulgado porque não é costume da Justiça austríaca revelar sobrenomes de pessoas condenadas por crimes considerados de menor gravidade.
Perante o juiz, Ana confirmou o castigo como uma forma de criar no filho o hábito de ficar em casa.
Ela cumprirá a pena em liberdade, mas durante os próximos seis meses seus três filhos (Wolfgang e dois irmãos mais novos) ficarão sob os cuidados das autoridades de proteção ao menor austríacas. Ana morava sozinha com os filhos.
Cumprida a pena, a brasileira deverá manter contato com um juiz de menores pelos próximos três anos, como garantia de que os maus-tratos não se repetirão.
Segundo a embaixada brasileira em Viena, Ana Rita Aparecida há muito tempo não mantém contato com a representação diplomática.
Funcionários da embaixada não souberam informar o local em que a brasileira mora nem a profissão que ela exerce em Viena. Segundo a embaixada, Ana Rita em nenhum momento procurou auxílio.
"Ficamos sabendo pelo jornal", disse uma funcionária que se identificou como Marion.
Se fosse julgada pelas leis brasileiras, Ana Rita poderia ser condenada de dois meses a um ano de prisão, ou multa, por "maus-tratos" (leia texto ao lado).

Colaborou a agência "EFE".

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