São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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'Forrest Gump' dispara na corrida ao Oscar

ANA MARIA BAHIANA
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

"Forrest Gump" é, como já se esperava, o favorito para o Oscar 94. Com 13 indicações (veja quadro com as principais nesta página), o filme de Robert Zemeckis se torna integrante de um clube exclusivo onde só entraram até agora "...E o Vento Levou"(1939), "A Um Passo da Eternidade" (1953), "Mary Poppins" (1964) e "Quem Tem Medo de Virginia Woolf" (1966). O recorde ainda é de "A Malvada" (1950), que recebeu 14 indicações.
"Forrest Gump" concorre aos Oscars de filme, ator (Tom Hanks), coadjuvante (Gary Sinise), direção (Robert Zemeckis), roteiro adaptado, direção de arte, montagem, fotografia, trilha sonora original, som, efeitos sonoros, efeitos especiais e maquiagem.
Para os 600 sonolentos jornalistas e representantes da indústria, refugiados da torrencial tempestade de inverno no salão nobre da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, a leitura das indicações para a 67ª entrega do Oscar, na madrugada de ontem, parecia mais uma cantiga de ninar, já conhecida de trás para diante. Todos os favoritos estavam lá: "Forrest Gump", "Pulp Fiction", "Quiz Show", Jodie Foster, Tom Hanks.
Mas, de repente, lá pelo finzinho da apresentação —feita pelo presidente da Academia, Arthur Hiller, pela atriz Angela Bassett, pipocaram as surpresas. "A Fraternidade É Vermelha", de Krzyzstof Kieslowski, impedido de competir na categoria "filme estrangeiro" pelas obscuras e antiquadas regras da Academia, acabou recebendo três indicações fora do gueto não-anglo: melhor direção, melhor roteiro original e melhor fotografia.
O gesto da Academia é obviamente político, e Kieslowski deve saber muito bem que a coisa vai parar por aí: três indicações como prêmio de consolação e cala-boca. Estatueta que é bom só sai para indivíduos de língua inglesa.
As outras surpresas estavam justamente na largueza da concepção "língua inglesa": este Oscar pode muito bem ser o recordista de indicações para súditos da coroa britânica. "The Madness of King George" ficou com quatro indicações das boas —ator, atriz coadjuvante (a sublime Helen Mirren), roteiro adaptado e direção de arte.
Logo atrás veio "Quatro Casamentos e Um Funeral", com duas indicações, e "Tom e Viv", com mais duas —atriz para Miranda Richardson e atriz coadjuvante para Rosemary Harris.
Sem falar na aparente reconciliação entre Hollywood e Woody Allen: "Bullets Over Broadway" disparou na frente de outros mais badalados e menos merecedores, como "Lendas da Paixão" (três indicações, todas técnicas), e arrebatou o mesmo número de indicações que "Pulp Fiction": sete, inclusive as nobres de direção, roteiro original e atriz coadjuvante.
"Bullets Over Broadway", assim como "Pulp Fiction", deve ficar mais ou menos por aí, a não ser por Dianne Wiest: "Bullets" não foi indicado nem ao menos para melhor filme. Isto é um sintoma de que a indicação é prêmio suficiente no seu caso.

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Sobre o Oscar à pág. 5-7

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