São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995
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Quem compra modernidade leva roubada

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Chega! Vou dizer uma coisa a vocês: não passa de um embuste, de uma roubada de marca maior, esse negócio do paulistano dos Jardins achar que vive em uma ilha extrabrasileira de conforto.
Exemplos cabais? Vamos lá: qualquer CD nacional é uma nhaca e custa o dobro. Telefone celular, volto a frisar, só funciona como arma de defesa pessoal para tacar na cabeça de bandido. Nos últimos dias, não tem vigorado nem mesmo a caixa-postal, que arquiva os recados do usuário. Isso sem contar que, nas principais vias da cidade, como as marginais, a Rebouças, a avenida Europa, a Santo Amaro e a Bandeirantes, o telefone portátil simplesmente emudece.
Os programas de computador Made in Brazil, então, são o fiofó da cobra. Comprei um Aurélio Eletrônico para Windows, com corretor ortográfico Lexicon e, na primeira vez que tentei usar, quase tive de jogar meu PC no lixo. Travou tudo. Só depois de ligar para o Rio e falar com um técnico da Nova Fronteira, consegui fazer voltar ao normal.
Querem mais? No final do ano, tive a brilhante idéia de assinar a TV a cabo Multicanal, aquela que quando sai do ar leva junto a Rede Globo, o SBT e o escambau. O vendedor me garantiu que o serviço estaria instalado no dia 9 de fevereiro. Paguei todas as parcelas em dia (se não pagasse teria tido de micar com os juros) e até agora, necas.
Uma funcionária muito gentil me informou que a instalação foi retardada devido à chuva. Sei, sei. Prometeu que daqui a 20 dias eles passam lá em casa. Sei, sei.
Histórias de terror com a TVA, a Globosat e as TVs a cabo a gente ouve de montão. Quando assinou a TVA, uma minha amiga ficou um mês sem ver canal nenhum. Outro, que também assinou o Multicanal no ano passado, está com interferência na linha telefônica até hoje.
A BBS Mandic, prima tapuia da Internet, só pode ser acessada depois das duas da manhã. O banco eletrônico só serve de enfeite e até o 132, vira e mexe, não diz a temperatura. Essa falsa modernidade é ou não de matar do coração?

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