São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Disputa por comissões divide base de FHC

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa pelas comissões permanentes do Senado está dividindo a base de apoio do governo. O PSDB reclama da ganância do PMDB e PFL, que querem presidir seis das sete comissões. Para isso um deles teria que abocanhar a presidência destinada ao PTB (Educação).
Sobraria uma para o PSDB, que reivindica a de Assuntos Econômicos. Mas esta já está na cota do PMDB, pelo loteamento feito pelos líderes do PMDB e PFL.
Além da negociação externa, os líderes do PMDB e do PFL, Jáder Barbalho (PMDB-PA) e Hugo Napoleão (PFL-PI), estão tendo dificuldades para acomodar as "estrelas" de suas bancadas. "É uma constelação", define Barbalho.
Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), ex-governador e uma das principais lideranças do seu partido, quer presidir a Comissão de Relações Exteriores, tradicionalmente ocupada pelo PMDB.
O PMDB concorda em trocar esta comissão pela de Assuntos Econômicos, uma das mais importantes do Senado. A contragosto, o PFL aceita a troca, criando outro problema. João Rocha (PFL-TO), que presidiu a Comissão de Assuntos Econômicos na legislatura passada, queria ficar no cargo.
Para compensar a perda, Rocha aceitaria presidir a Comissão de Fiscalização e Controle (não instalada na legislatura passada). Só que Alexandre Costa (PFL-MA) não abre mão do posto. O PFL quer outra comissão para Rocha.
O PMDB perde a Comissão de Relações Exteriores, ganha a de Assuntos Econômicos, continua com a de Constituição e Justiça e quer mais uma. Pode ser a de Educação, do PTB, ou a de Infra-Estrutura, tradicionalmente do PFL.
Dentro do PMDB, a Comissão de Assuntos Econômicos era disputada por Gilberto Miranda (AM), maior cabo eleitoral de José Sarney (PMDB-AP) na campanha pela presidência do Congresso, e Iris Rezende (GO), ex-governador de Goiás, que disputou a presidência com Sarney.
Mas o líder Jáder Barbalho decidiu: Miranda fica com a de Assuntos Econômicos e Iris com a Constituição e Justiça.
As disputas serão decididas até segunda-feira, às 18h, quando os líderes dos partidos que apóiam o governo se reúnem para definir a composição das sete comissões. Barbalho admite que todas são passíveis de negociação. "Só não abrimos mão do número (três) e importância", disse ele.
Os líderes do PMDB e PFL alegam ter direito a três comissões cada, pelo tamanho das suas bancadas. O PMDB tem 22 senadores, o PFL 20, o PSDB 10 e o PTB cinco. Até a legislatura passada, o PMDB e PFL tinham duas presidências, PSDB uma e PTB uma.
Lideranças do PSDB reclamam do cálculo feito pelo PMDB e PFL e não querem aceitar o acordo, prevendo que vai sobrar para o partido a mesma comissão que ocupava -Assuntos Sociais-, que é pouco prestigiada.
"Mas o PSDB já tem o governo", argumenta Barbalho.

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