São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Marmita com poeira e fumaça

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A jornalista Arcelina Helena Dias, editora do "Jornal do Diap" (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), passou o mês de janeiro vivendo com salário mínimo em Belo Horizonte.
Ela gastou todo o dinheiro com alimentação e habitação. Quando precisou comprar remédios, foi pedir ajuda em uma Igreja.
Professora da UnB (Universidade de Brasília) e ex-coordenadora de Comunicação do Ministério do Trabalho (governo Sarney), ela falsificou uma carteira de trabalho e conseguiu emprego como porteira na representação do Ministério da Fazenda da capital mineira.
Com o salário de R$ 70, mais R$ 44 em vales-refeição e os vales-transporte, ela alugou por R$ 40 um quarto no apartamento de uma família em um conjunto habitacional no Bairro dos Milionários, periferia de Belo Horizonte.
O dono da casa também vivia com uma pensão de salário mínimo, e sua mulher ganhava R$ 30 com bicos.
Para almoçar, Arcelina levava marmitas, que comia com os colegas em uma sala da garagem, em meio à fumaça dos carros e ao pó levantado pelas obras de reforma do edifício.
Mesmo para ganhar salário mínimo, ela teve que passar por uma seleção em que os aprovados eram todos jovens. "O trabalhador que se candidata a um emprego de mínimo, deve ter boa saúde".

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