São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Prorrogada a trégua na Tchetchênia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Representantes militares da Rússia e da república separatista da Tchetchênia acertaram ontem a prorrogação até amanhã do cessar-fogo que deveria valer até a meia-noite de ontem.
Chamil Basaiev, um dos comandantes militares tchetchenos, disse ao fim das conversações que ontem foi mais um dia sem luta e derramamento de sangue.
Essa declaração contradiz informes da agência Interfax, segundo a qual russos e tchetchenos travaram duelos de artilharia e tanques na noite de anteontem em Noviie Atagi, 35 km ao sul de Grozni, a capital tchetchena.
O general Aslan Machkhadov, chefe do Estado-Maior tchetcheno, disse que depois de quatro horas de negociações os dois lados não chegaram a um acordo em torno da proposta de promover uma troca de mortos e prisioneiros ao meio-dia de hoje (7h em Brasília).
As tropas russas e tchetchenas apenas trocarão listas de prisioneiros, afirmou.
As conversações ocorrem em Sleptovsk, fronteira entre Tchetchênia e Inguchétia, outra república autônoma russa. O cessar-fogo vigora desde segunda-feira.
Machkadov afirmou que os russos querem deixar um contingente aqui, mas militares jamais serão capazes de resolver o problema da Tchetchênia. Isso só seria possível em nível de governo.
Segundo o general tchetcheno, a Rússia quer manter as negociações no nível de comandantes militares simplesmente porque não querem reconhecer o presidente e o governo da Tchetchênia, ambos legalmente eleitos.
O chefe da delegação russa nas conversações, general Anatoli Kulikov, não fez nenhuma declaração antes de deixar Sleptovsk de helicóptero com seus comandados.
A intervenção militar russa na Tchetchênia começou em 11 de dezembro e já deixou milhares de mortos dos dois lados.
A república, presidida por Djokhar Dudaiev, havia se declarado independente de Moscou em 1991.
Dudaiev, que foi general soviético e combateu na guerra do Afeganistão (1979-89), está escondido em algum lugar da Tchetchênia e é caçado pelos militares russos. Ele já sinalizou diversas vezes que quer negociar com Ieltsin.
Num discurso ao Parlamento na quinta-feira, o presidente russo reafirmou a necessidade de esmagar o movimento separatista tchetcheno para preservar a unidade da Federação Russa e acusou Dudaiev de ser ditador criminoso.
A incapacidade da máquina militar russa de vencer o conflito em poucas semanas fez o presidente Ieltsin destituir sete generais e prejudicou sua imagem entre os governos ocidentais, de cuja ajuda econômica a Rússia depende.

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