São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Governo diz que não se retira de Chiapas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As tropas do Exército mexicano avançaram ontem no Estado de Chiapas em direção ao território do movimento guerrilheiro Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).
O governo da República não voltará a abdicar de suas responsabilidades de preservar a soberania em território nacional, disse ontem o presidente Ernesto Zedillo em discurso para trabalhadores.
A retirada do Exército de Chiapas é uma das pré-condições impostas pelos zapatistas para que o diálogo seja retomado.
O governo tem que retirar suas tropas dos locais onde estão agora e parar de prender pessoas, disse no início da semana a major Ana Maria, um dos líderes do EZLN.
Permanece assim o impasse entre governo e zapatistas.
Há muitas dificuldades na negociação entre as partes, reconheceu ontem o senador Heberto Castillo. O clima de diálogo é mínimo, mas ainda não desapareceu.
O senador, que preside uma comissão de parlamentares que se encontra em Chiapas, disse ser praticamente impossível que um procurado pela Justiça negocie.
Ele se refere ao líder do EZLN, subcomandante Marcos. Na quinta-feira passada, o presidente Zedillo emitiu uma ordem de prisão contra o líder guerrilheiro.
No dia seguinte, o governo iniciou uma caçada contra Marcos, suspensa nesta semana.
O governo acena com uma lei de anistia, mas por enquanto a ordem de prisão continua válida.
O governo não recorreu ainda à intervenção do bispo Samuel Ruiz, presidente da Comissão Nacional de Intermediação (Conai) e ligado ao EZLN, nas negociações.
A Conai propôs ontem uma iniciativa integral de diálogo.
O presidente do oposicionista Partido da Revolução Democrática (PRD), Porfirio Muñoz Ledo, alertou ontem em São Paulo, onde participou de debate, para risco de ruptura institucional no México.
Apesar do impasse, Zedillo disse ontem que o governo está criando condições para uma solução política para o conflito.
Ele afirmou querer uma solução duradoura e justa, com uma paz digna para todos.
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional denunciou graves violações em Chiapas por parte do Exército.

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