São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Malan diz que vai convocar montadoras

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse que o governo vai convocar as montadoras de automóveis, para que se expliquem sobre a decisão de romper o acordo e aumentar preços dos carros "populares".
Malan deu a informação já na madrugada de sexta-feira para sábado, ao deixar o Hotel Internacional, em Puerto Iguazu (Argentina), ao final do jantar entre as comitivas brasileira e argentina durante reunião do Mercosul.
Ontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso procurou desqualificar o episódio: "Não estou vendo tempestade nessa nuvem".
O presidente afirmou que o anúncio do rompimento do acordo "deve ser opinião pessoal de um dirigente" da indústria automobilística. "Não há declaração da Anfavea (associação das montadoras sobre isso", disse.
Para FHC, "é disparatado uma companhia dizer que só investe no Brasil se tiver benefícios fiscais". Segundo o presidente, " a relação entre governo e empresa não pode ser na base de "ou o governo faz o que eu quero ou eu não invisto".
O governo FHC e as montadoras estão em rota de colisão. Para o governo as montadoras têm o compromisso de aumentar a produção e manter preços estáveis. O aumento do IPI sobre os carros populares não rompe esse acordo, segundo declararam o presidente FHC e vários ministros, que estão desde sexta-feira em Foz de Iguaçu, para reuniões com o governo argentino.
Para FHC, a Anfavea tem que aumentar o investimento e não o preço. Segundo o presidente, as montadoras " têm que ter compromisso com o mercado e o mercado exige que produzam mais. E também têm compromisso conosco sobre investimentos. Nós não acabamos de aumentar as aliquotas de importação?"
O presidente indicou assim que o aumento do imposto de importação foi aplicado a pedido das montadoras, contra a garantia de que elas aumentariam a produção.
Segundo Fernando Henrique, as indústrias do setor automobilístico "têm que agir de acordo com o que sempre disseram a nós que fariam. Tudo o que foi feito até agora (entre governo e montadoras) foi feito combinando".
Os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Dorothéa Werneck (Indústria e Comércio) não quiseram comentar o rompimento do acordo. Alegaram falta de informação sobre as declarações do presidente da Anfavea, Luiz Adelar Scheuer.

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