São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Folha lança atlas histórico em fascículos

DA REPORTAGEM LOCAL

A Folha lança no dia 12 de março, um domingo, a capa dura e os dois primeiros fascículos do "Atlas da História do Mundo". É o mais completo e atualizado atlas histórico já editado no Brasil. Tem 320 páginas coloridas, com mapas, gráficos e textos que vão da pré-história aos negócios do narcotráfico em 1991.
Criado pelo jornal inglês "The Times", já vendeu 1,2 milhão de exemplares nas 15 línguas em que foi traduzido, entre as quais chinês, hebraico e croata.
No lançamento, a Folha estabelece novo recorde de tiragem na história de jornais e revistas brasileiros: a capa dura e os fascículos serão encartados em 1,6 milhão de exemplares.
O recorde anterior de tiragem era da própria Folha: 1.468.713 exemplares em 20 de novembro do ano passado, um domingo em que o jornal circulou com um fascículo do atlas geográfico.

Qualidade
O atlas histórico Folha/"The Times" será impresso em papel couchê importado da Bélgica.
As 320 páginas do livro foram divididas em 40 fascículos no formato 24,4 cm x 33,4 cm.
Quando a coleção estiver completa, no dia 22 de outubro, o leitor terá em mãos uma obra que no Reino Unido custa 40 libras (R$ 53,61). No Brasil, a edição em inglês do atlas que a Folha vai distribuir em português a seus leitores é vendido hoje por R$ 87,00.
A Folha investiu US$ 8 milhões (R$ 6,74 milhões) na compra de direitos, tradução e impressão do atlas. O custo da campanha publicitária, com um total de 36 peças para TV, rádio, jornal, revista e outdoor, equivale ao que se gasta com o lançamento de um carro.
"É o melhor atlas histórico disponível no mercado internacional", diz Flávio Pestana, 32, diretor-executivo de marketing e circulação da Empresa Folha da Manhã S/A, que edita a Folha. "É o tipo de obra que atende a um estudante de 1º grau e a um pesquisador de história. Ela é muito didática, mas não é simplista."
Pestana diz ter chegado à conclusão de que se tratava da melhor obra do gênero depois de se reunir com 40 editores na última Feira do Livro em Frankfurt, onde comprou os direitos do atlas histórico.
A qualidade da obra coincidia com um desejo dos leitores da Folha. Pesquisa feita pelo Datafolha em setembro do ano passado junto a 640 compradores do jornal em bancas revelou que 70% deles tinham grande interesse por um atlas histórico ilustrado.
O atlas foi criado em 1978 pelo "The Times". A Folha distribuirá a seus leitores a quarta edição da obra, lançada em 1993. Ela foi editada por Geofrey Parker, professor da Yale University, uma das mais prestigiadas universidades norte-americanas.
A primeira edição consumiu quatro anos de trabalho de uma equipe que reuniu 87 pesquisadores das mais importantes universidades do mundo, cinco cartógrafos, três designers gráficos e quatro editores. O projeto custou 500 mil libras (R$ 670,22 mil), segundo a Times Books.
A versão atualizada que a Folha começa a distribuir em 12 de março consumiu mais dois anos de trabalho. Outros 50 pesquisadores foram incorporados ao projeto.

Nova história
O resultado desse esforço está nas páginas do atlas histórico Folha/"The Times". Ele incorpora as mais recentes descobertas arqueológicas e as reviravoltas da história dos últimos anos.
No capítulo sobre os anos 90, por exemplo, fica-se sabendo que a Colômbia exportou 200 toneladas de cocaína para a Europa em 1991 e que o Afeganistão produziu 415 toneladas de ópio em 1990.
Colômbia e Afeganistão não estão ali por acaso. O primeiro editor do atlas, Geoffrey Barraclough, professor da Oxford University, defendia em 1978 que atlas histórico não pode ser eurocentrista, tendência que privilegia a história da Europa em detrimento da história de todo o mundo.
Civilizações fora da Europa que eram notas de rodapé nos atlas históricos mais antigos são tratadas como civilizações de fato pelo atlas Folha/"The Times". Incluem-se neste caso a Índia, a China, o Japão, a África, o Império Otomano e os maias.
Os dados comprovam os equívocos do eurocentrismo. No ano 600 da Era Cristã, mostra o atlas, uma cidade como Teotihuacán, da civilização homônima que habitava o centro do México, tinha 125 mil habitantes espalhados por 20 km2 e um traçado urbano planejado.
Já a Itália, no mesmo período histórico, era um amontoado de ruínas, a herança das invasões de visigodos e ostrogodos.

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