São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Lendas locais citam fantasmas e guerras

AURELIANO BIANCARELLI
DO ENVIADO ESPECIAL

João Leopoldino tem 80 anos e há 33 mora no alto da serra da Barriga. Em noites de ventania, diz ouvir passos diante de sua janela. Quando abre, não vê nada.
Leopoldino acredita que seja o fantasma de Domingos Jorge Velho, o paulista que participou do extermínio dos negros do quilombo. Na sua crença, as assombrações começaram quando "os americanos e paulistas" passaram a escavar a serra em busca de vestígios do quilombo. "Foi só remexer e os espíritos foram saindo."
No topo da serra da Barriga, onde teria se localizado o reduto do maior dos quilombos, moram hoje sete famílias. A de Leopoldino, com os filhos e netos, é uma delas.
José Maria dos Santos, 28, filho de Leopoldino, é uma espécie de cicerone da serra que conta a história de Zumbi a seu modo. Antes de fugirem —diz ele—, os negros jogaram no fundo da lagoa todo ouro e porcelana que tinham tomado dos brancos. Depois cobriram tudo com madeira.
O morador da encosta e cortador de cana José Cícero Gomes da Silva, 22, relata uma batalha que teria ocorrido ali entre japoneses e negros. Os japoneses só chegaram ao Brasil neste século.
(AB)

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