São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Machismo existe, afirma amazona

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A amazona Cláudia Itajahy Camarão acredita que ainda há um certo machismo no hipismo, apesar de as mulheres terem demonstrado que podem bater os homens.
"As mulheres sofrem com o machismo no hipismo como no esporte em geral. Quando casam, os maridos acham que elas devem ficar em casa e ter filhos", disse.
Cláudia conta que, quando ficou grávida, houve muitos comentários sobre o fim de sua carreira. "Cavalguei grávida e cheguei a saltar com o bebê na sela", disse.
Ela credita sua permanência no esporte ao apoio que recebeu do marido, que é seu empresário. "Atualmente todos me respeitam e não dou chance de atitudes machistas comigo", disse.
Para competir em igualdade de condições no hipismo a mulher teve de saltar vários obstáculos. A começar por abandonar a sela feminina, que a fazia sentar de lado, e poder usar calça e não vestido.
Segundo Cláudia, as meninas são normalmente encaminhadas para outras atividades, como piano ou esportes que os pais consideram menos brutos. Ela mesma trocou o balé pelos cavalos.
"E as jovens tendem a pensar mais em animação, namorados, cinema, teatro, do que em cuidar de cavalos", disse a amazona.
Mas tanto ela quando seus colegas cavaleiros acreditam que os homens já superaram o embaraço de perder para uma mulher.
"Eu não vou ficar com uma atitude dessas no meu subconsciente. Eu não gosto de perder para ninguém, mas aceito com naturalidade a derrota para uma mulher", disse Vitor Alves Teixeira.
Cláudia faz questão, porém, de manter no hipismo uma atitude tipicamente associada às mulheres: é bastante vaidosa.
"Não admito traje desarrumado, cabelo solto ou cavalo mal cuidado", afirmou.
Ela não acha que o hipismo seja um esporte bruto, apesar das quedas. "Você não pode ter medo de tombo. Eu nunca me machuquei seriamente numa queda", disse.
Mas ela já teve um acidente sério na carreira, quando um cavalo lhe mordeu e arrancou a ponta de um dedo. "Foi uma fatalidade. Tinha de acontecer", disse. (HuSa)

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