São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Mundo moderno traz para dentro do lar várias doenças e alguns mitos

DO "LIBÉRATION"

A forma como a sociedade moderna está organizada não é responsável só por doenças ifecto-contagiosas. Muitas são causadas pelo uso de eletrodomésticos.
Curiosamente, a "sabedoria popular" e alguns cientistas desavisados criaram alguns mitos completamente infundados sobre "perigos" trazidos pela tecnologia.
Casos de alergias respiratórias e de asma, por exemplo, triplicaram em 20 anos. Os responsáveis por isso são os alérgenos, ácaros, animais domésticos, baratas e pólens de gramíneas, mas também os poluentes químicos e os vírus.
Em ambientes externos, os alérgenos estão estabilizados ou em regressão, mas a asma aumenta, devido especialmente à poluição interna dos locais de habitação.
A falta de arejamento aumenta a umidade vinda dos vapores da cozinha, dos banhos e até mesmo das plantas e da respiração humana.
A umidade se condensa perto de paredes frias e o ar fica cheio de esporos de mofo, que respiramos.
Os ácaros e as baratas, que adoram esse ambiente morno e úmido, se reproduzem melhor do que nunca. Dentro de casa, eles preferem os lugares escuros, quentes e úmidos: fundos de armários, cantos do banheiro, tubulações e canos de torneira e esgotos.
Prevenir-se contra as colônias de alérgenos em casa é simples: é preciso arejar regularmente as roupas de cama e evitar o uso de colchões e tapetes de lã, verdadeiros depósitos de ácaros.
A preferência deve ser dada aos novos revestimentos sintéticos e antialérgicos. O piso deve ser liso, fácil de lavar.
As tintas acaricidas não adiantam muito, porque os ácaros não sobem pelas paredes. E algumas dessas tintas são altamente tóxicas.
Fornos de microondas não tem qualquer impacto comprovado senão o efeito térmico. Todo o resto que se diz é pura bobagem.
A "síndrome do edifício doente", também apelidado de "doença da segunda-feira", realmente afeta pessoas que trabalham em escritórios nas manhãs de segunda-feira, quando os sistemas de ar condicionado ou refrigeração são religados, depois de ficarem parados durante o fim de semana.
O resultado é uma verdadeira enxurrada de bactérias e bolores que são recolocados em circulação, em doses altas. Os efeitos sobre o homem são formigamento nos olhos, ressecamento das mucosas e da laringe e tosse.
A solução para esse problema de verdade é adotar sistemas de ar condicionado concebidos de modo diferente, garantindo melhor umidificação dos locais de trabalho.
A lã de vidro, que quando envelhece racha e escama, já foi classificada como potencialmente cancerígena, mas os estudos não são conclusivos.
A irritação de pele é verificada quando se manuseia a lã de vidro, mas o risco de fibrose pulmonar é desprezível.
A inflamação dos brônquios pelo ozônio também é verdadeira. Os altos índices desse gás são ligados à circulação de automóveis.
Dentro de casa há dois culpados: os banhos de espuma produtora de ozônio de efeito supostamente benéfico, e os exaustores não ligados ao exterior, que reciclam o ar por lâmpadas de ozônio e o espalham pelas cozinhas.
A intoxicação por monóxido de carbono existe desde o século passado. Essa patologia, que se manifesta por dores de cabeça e tonturas, causa 400 mortes e 8.000 hospitalizações por ano.
As causas: aquecedores de água a gás não ligados a uma ventilação externa, sistemas de aquecimento sem boa manutenção, ventilações alta e baixa, obrigatórios mas que costumam ser fechados no frio.

Tradução de Clara Allain

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