São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Bens de consumo provocaram déficit

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As importações de artigos de consumo duráveis (incluindo veículos) e não-duráveis foram as que mais cresceram em 1994, com taxas bem acima das registradas pelos bens de capital (equipamentos para indústria) e matérias-primas.
Dados oficiais obtidos pela Folha e ainda não divulgados pelo governo mostram que no ano passado as importações de bens de consumo duráveis aumentaram 72% em relação a 1993. As dos não-duráveis (calçados, roupas) cresceram 66,6%.
A expansão dessas importações ajudou a criar o déficit de US$ 1,376 bilhão na balança comercial brasileira no último bimestre do ano passado. Janeiro voltou a registrar saldo negativo de US$ 290 milhões.
Na tentativa de diferenciar o Brasil da crise mexicana, o governo vem atribuindo somente à maior entrada de bens de capital e matérias-primas o déficit da balança comercial. Essas importações cresceram 48,4% e 20% (incluindo produtos intermediários), respectivamente em 1994.
A sobrevalorização do real frente ao dólar e a redução do Imposto de Importação em outubro determinaram um desempenho bem melhor das importações, 30% acima das realizadas em 1993. As exportações cresceram 12,85%.
Em 1994, o Brasil importou US$ 33,168 bilhões e exportou US$ 43,558 bilhões. O saldo positivo foi de US$ 10,390 bilhões. As importações de bens de consumo, que antes representavam 12,8% do total das compras externas do país em 1993, saltaram para 16,21%.
Entre os bens de consumo duráveis, mais da metade do valor importado corresponde a veículos de passageiros e motocicletas. No acumulado do ano, essas compras externas aumentaram 92% em comparação com 1993.
A redução do II (Imposto de Importação), de 35% para 20% em outubro, beneficiou a entrada de carros importados. Na semana passada, o governo e elevou a 32%.
Outros setores que registraram aumento significativo nas importações de 1994 foram os equipamentos de transporte (32,2%), materiais de construção (29,7%) e combustíveis e lubrificantes (6,6%).
A retomada do crescimento da economia com a estabilização da inflação fez as matérias-primas e produtos intermediários (insumos para a indústria siderúrgica, por exemplo) participarem com 41% no valor total das importações.
O segundo maior peso foi dos bens de capital (equipamentos para modernizar o parque industrial), que ficaram com US$ 6,8 bilhões (20,6% do valor global).
Somente em terceiro lugar vêm os bens de consumo duráveis, que apesar de terem registrado a maior taxa de crescimento no ano passado, significaram 8,3% do total das importações (US$ 2,7 bilhões).
Os bens de consumo não-duráveis pesaram 7,3% no valor total das importações, participando com US$ 2,4 bilhões.
O maior crescimento nas exportações brasileiras em 1994 foi dos produtos semi-manufaturados, que ficaram 26,59% acima das realizadas em 1993.

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