São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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OAS se nega a devolver prédio para Covas

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A diretoria da OAS não pretende devolver o prédio que foi cedido à empreiteira em 1991 pelo governo de São Paulo.
A construtora tenta convencer a diretoria da Eletropaulo, a quem pertencia o edifício, de que a estatal realizou um bom negócio.
A equipe do governador Mário Covas (PSDB) avalia que o contrato foi um escândalo com o patrimônio público e quer desmanchar o negócio.
No prédio cedido à OAS funcionava a antiga sede da Eletropaulo, na Rua Xavier de Toledo (região central de São Paulo).
No final do governo Quércia, em 91, a empreiteira ganhou o direito de explorar comercialmente o edifício pelos próximos 50 anos. No local, a empresa quer instalar um shopping center.
Pelo acordo que pode durar meio século, a OAS repassaria para a Eletropaulo uma cota de 25% do preço de aluguel das lojas do shopping.
Na semana passada, o presidente da estatal, Paulo Feldmann, se reuniu com diretores da empreiteira, para tratar da possível devolução do prédio.
Oficialmente, os dois lados informam que foi apenas um primeiro encontro, em clima amigável, para iniciar as negociações.
Segundo a Folha apurou, a OAS não pretende abrir mão do negócio fechado na gestão do ex-governador Orestes Quércia (1987-91).
Vai alegar que o contrato foi legítimo e que o valor (25% do aluguel das lojas) está dentro dos padrões de mercado.
O grupo OAS tem um segmento que se dedica somente à construção de shoppings em todo o país.
Para os dirigentes da empresa, já foram realizados negócios com várias lojas que se instalariam no centro comercial. Isto dificultaria ainda mais a devolução do prédio.
O presidente da Eletropaulo, Paulo Feldmann, no entanto, listou como uma questão de honra ter o prédio de volta.
Avalia que é juridicamente possível, sob o argumento que o Estado foi lesado no contrato. Caso não chegue a um acordo, o governo irá recorrer à Justiça.
O negócio com a OAS fez parte de uma ciranda imobiliária que resultou em mais outros dois contratos da Eletropaulo na transição do governo Quércia para a gestão Fleury (1991-94).
A estatal repassou o prédio da Xavier de Toledo para a OAS e transferiu os seus funcionários para um outro edifício, na Granja Julieta (região sul de São Paulo), pertencente a outra empreiteira, a Camargo Corrêa.
Por este local, passou a pagar um aluguel que vale hoje R$ 900 mil por mês para os cofres da Eletropaulo.
Além disso, iniciou a construção daquilo que seria a futura sede da estatal, na confluência da avenida Juscelino Kubitscheck com a marginal Pinheiros (zona oeste de São Paulo).
A futura sede, iniciada em 91 pela construtora Andrade Gutierrez, consumiu até o final do ano passado US$ 195 milhões, o dobro do orçamento previsto.
Mesmo assim, a nova sede não ficou pronta e o governo cancelou o contrato com a empreiteira.

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