São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Prefeitura lesa cofres públicos, diz TCM

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O conselheiro do Tribunal de Contas do Município Paulo Planet Buarque acusa a prefeitura de manter contratos de emergência para a coleta de lixo lesivos para o patrimônio público.
Em texto publicado no Diário Oficial do Município de sexta-feira passada, Buarque lembra que a licitação para a coleta de lixo foi iniciada em janeiro de 94 mas ficou paralisada por 12 mandados de segurança que o acusavam de ilegal e ainda não foram julgados.
Uma das funções do TCM é fiscalizar a legalidade dos contratos da prefeitura.
A licitação envolve o montante de US$ 433 milhões para a coleta de 12 mil toneladas de lixo por dia nos próximos quatro anos.
Enquanto a concorrência não tem vencedores, a prefeitura mantém a coleta de lixo através de contratos de emergência cujos valores são mais altos do que os oferecidos na licitação.
Para Buarque, eles "beneficiam as empresas, poucas, que constituem o que o vulgo denomina de cartel", diz o texto.
O conselheiro recomenda que a prefeitura cancele os contratos de emergência vigentes e celebre outros, com preços menores, com todas as empresas que foram habilitadas na licitação de janeiro de 94.
Segundo ele, isso pode ser feito se a prefeitura "tiver vontade política".
O conselheiro também defende que a licitação em andamento seja cancelada e seja realizada outra, "sem exigências de maior complexidade" e julgamento "tão somente pelo menor preço".
Nesse ponto, Buarque se refere a duas exigências da licitação em andamento que foram objeto de diversas ações na Justiça.
A primeira exigência é a apresentação de um mapa com todas as ruas da cidade, com seu sentido de tráfego, associado a um plano de coleta de lixo. O mapa deveria ser preparado em um mês, que foi o período entre o início da licitação e a apresentação das propostas.
Algumas empresas entraram na Justiça afirmando que essa exigência favorecia as empresas que já fazem a coleta de lixo e por isso têm o mapa.
A outra exigência determina um "preço mínimo" para as propostas. Valores apresentados abaixo dele foram considerados "inexequíveis" pela prefeitura.
O problema é que uma das empresas que entrou na Justiça contra a licitação, a Splice, realizou a coleta de lixo durante a gestão Erundina por preço inferior ao considerado agora "inexequível".
A assessoria da Secretaria de Serviços e Obras, responsável pela licitação, informou que as propostas do conselheiro vão ser estudadas.

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