São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Ir a estádio é ver de perto a falta de visão

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A visão empresarial do futebol brasileiro está na pré-história. Uma visita a um dos estádios (?) do Estado mais rico do país é uma crônica das oportunidades perdidas.
Na base da crise dos estádios está a inexistência de um campeonato brasileiro de longa duração dentro de um calendário nacional.
É incalculável a perda de arrecadação com a ausência e desconhecimento de iniciativas comerciais já consagradas na Europa.
"Onde podemos comprar o programa do jogo", pergunta Richard O'Reilly, amigo londrino, estreante em jogos no país, ao chegarmos ontem ao Parque Antarctica.
Respondo que essa idéia, quase centenária no futebol inglês, além de desconhecida, é impraticável no Brasil por causa da falta de calendário.
Na Inglaterra, onde o campeonato é disputado em turno e returno, lá e cá, cada jogo tem um programa, como na ópera.
Coloridos, com informações sobre o jogo do dia, reportagens e retrospectiva do torneio, os programas chegam às mãos do público recheados de publicidade de interesse dos torcedores: artigos esportivos, aparelhos eletroeletrônicos, bebidas e serviços financeiros, entre outros.
Vendidos a US$ 3,00, todos os compram. São colecionados. E uma importante fonte de renda extra e uma mídia forte, sabendo-se que o público médio na temporada inglesa é de 29,5 mil pagantes.
Decepcionado com a pobreza das instalações do estádio (?), Richard lembrou que na Inglaterra os estádios vitorianos acabam de passar por um remodelação geral.
A grande novidade são os camarotes executivos. Amplos, envidraçados, eles são arrendados por grandes empresas.
São usados para recepcionar clientes especiais e fornecedores, transformando um dia de jogo em ocasião social e gerando mais arrecadação para os clubes.
Um exemplo de saudável situação financeira foi dado pelo Tottenham Hotspur, um dos grande de Londres, esta semana.
Com ações na Bolsa, o Spurs, como é conhecido, fechou o semestre com aumento de 68% no lucro líquido, de US$ 3,3 milhões.

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