São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Direção da Bandeirantes sofre mudanças

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mal assimilou as perdas de Marília Gabriela e Juarez Soares, a Bandeirantes sofreu nova baixa na última sexta-feira.
Roberto de Oliveira deixou a superintendência da rede, cargo que ocupava desde 92. O diretor da emissora no Rio, Rubens Furtado, vai substituí-lo.
Não se trata apenas de uma reforma administrativa. Quem costuma assistir à emissora logo perceberá por quê.
A saída do executivo deverá se refletir no vídeo. Guardadas as proporções, Roberto de Oliveira era o Boni da Bandeirantes, o responsável pelas áreas de programação e operações.
Como superintendente, consolidou uma tendência que a rede começou a abraçar no fim dos anos 80 —a segmentação.
À época, a emissora concluiu que não dispunha de fôlego para atrair telespectadores tão díspares quanto adolescentes e donas-de-casa. Resolveu, então, limitar o alvo.
Em vez de seguir os passos da Globo ou do SBT, que produzem desde novelas até programas infantis e pretendem agradar todas as gamas de público, a Bandeirantes passou a priorizar três frentes: jornalismo, esporte e filmes.
Funcionou. Há cinco anos, segundo o Ibope, a emissora detinha o quarto lugar em audiência na Grande São Paulo. Às vezes, caía para o quinto. Hoje, está firme no terceiro, com uma média de 300 mil espectadores por minuto.
A saúde financeira da rede também melhorou. O mercado publicitário paulista calcula que, em 94, a Bandeirantes faturou aproximadamente US$ 120 milhões, o dobro do que embolsava no início da década.

Novela
A emissora não explica por que Roberto de Oliveira saiu da superintendência. O executivo também se nega a comentar o assunto.
A Folha apurou, no entanto, que o episódio tem relação com a volta da Bandeirantes à teledramaturgia.
Um dos proprietários da rede, o vice-presidente Johnny Saad, defende o lançamento de uma novela ainda este ano. Já ofereceu parceria à produtora TV Plus, do Rio. A idéia é apostar em "remakes" como o de "Uma Rosa com Amor", trama de Vicente Sesso que a Globo exibiu entre outubro de 72 e julho de 73.
Saad acha que a opção preferencial por filmes, esporte e jornalismo dá à Bandeirantes uma cara muito masculina. Em consequência, dificulta a briga com o SBT, concorrente direto da emissora.
Para galgar mais pontos no Ibope, acredita o vice-presidente, é preciso conquistar não apenas homens, mas também mulheres e crianças.
Roberto de Oliveira já tinha em mira o público infantil. No ano passado, comandou pessoalmente a compra dos direitos de "Vila Sésamo". Sempre discordou, porém, do retorno às novelas. Considera o gênero caro demais.
No começo de fevereiro, quando retornou de uma viagem internacional, o executivo se deparou com outro problema. A Bandeirantes modificara o horário de alguns programas sem consultá-lo. Foi a gota d'água.
Mesmo afastado da superintendência, Oliveira continuará pilotando o projeto de "Vila Sésamo". O programa deve estrear dentro de dois anos.

Daniel e Talma
Embora ninguém confirme oficialmente, Daniel Filho recebeu convite para assumir o núcleo de teledramaturgia que a rede planeja implantar em breve.
Se o ex-diretor da Central Globo de Produção não aceitar, a Bandeirantes pode sacar outro nome do colete: Roberto Talma, que comanda a "Terça Nobre", também na Globo, e que há tempos manifesta desejo de deixar a emissora.

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