São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exportação de soja pode diminuir 18%

DA REPORTAGEM LOCAL

A previsão de queda nas exportações de soja do Brasil, feita pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), é um dos principais indicadores da tendência baixista do mercado internacional até o meio do ano, pelo menos.
Segundo o último relatório do USDA, as exportações brasileiras de soja em grão devem cair de 5,49 milhões para 5 milhões de t este ano.
As vendas de óleo, de 1,34 milhão para 1,05 milhão de t, e as de farelo, de 10,05 milhões para 10 milhões.
"Os números do USDA são conservadores", diz Nelson Mamede, diretor de commodities da Sadia.
Ele acredita que as exportações não passem de 4 milhões de t de grãos e as de farelo fiquem perto de 9,5 milhões de t.
Segundo Mamede, o principal fator de retração das vendas do Brasil não é a defasagem cambial.
Ele diz que os EUA, com a sua safra recorde de 69,62 milhões de t, anteciparam as vendas de soja e recuperaram sua participação no mercado internacional, diminuindo o espaço do Brasil.
O relatório do USDA aponta uma produção mundial de 135,12 milhões de t de soja na safra 94/95, com crescimento de 15,16% sobre 93/94.
A única esperança do produtor brasileiro é a estimativa do USDA sobre a intenção de plantio de seus colegas norte-americanos, que será divulgada no final de março.
'Há uma expectativa no mercado de que esse relatório indique retração na área da oleaginosa nos EUA", diz Fernando Roberto de Freitas Almeida, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas.
Mesmo uma previsão de queda na área norte-americana não vai alterar os fundamentos do mercado, pelo menos até a metade do ano, afirmam analistas de commodities.
Por isto, estes analistas aconselham os produtores que tiverem fôlego no caixa a segurar sua safra até julho, quando o plantio dos EUA estiver melhor definido.
Outro fator que pode interferir no mercado nos próximos meses é o comportamento da China em relação às suas compras de cereais e óleo de soja.
Recentemente, os chineses cancelaram uma compra de 630 mil t de milho dos EUA.
O governo brasileiro corre contra o relógio na tentativa de viabilizar a captação de recursos externos para emprestá-los à indústria de óleo de soja na forma de EGF (Empréstimo do Governo Federal) com opção de venda.
Esse EGF especial será oferecido no Centro-Oeste, onde há 2,9 milhões de t de soja financiados pelo sistema de equivalência-produto.
Cáculos do Banco do Brasil apontam que cerca de 2,8 milhões de toneladas de soja financiados em equivalência-produto não fluirão no mercado.
Nas regiões onde se localiza essa produção as cotações ficarão abaixo do custo do empréstimo. É esse produto que o governo quer empurrar para a indústria.

Texto Anterior: Chuvas favorecem pragas e doenças nas lavouras
Próximo Texto: Produtores aguardam verba federal
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.