São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 1995 |
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Superoferta mundial em 1994 derruba produção no Sul do país
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
Houve queda na produção e na área plantada em relação ao ano passado, quando foram colhidas 420 mil toneladas em 227 mil hectares. Segundo Romírio Thomé, 51, coordenador geral da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), a redução no plantio foi causada pelos problemas de preço e classificação que os produtores enfrentaram em 94, devido à superoferta mundial de fumo. Atualmente, Thomé avalia que os estoques já voltaram ao equilíbrio. "O mercado se normalizou, porque vários países diminuíram o plantio em 20%", explica. Para a atual safra, cuja colheita está no fim, a indústria fixou o preço médio do quilo em R$ 1,58. Os produtores, que inicialmente queriam receber R$ 1,92, terão 15% de margem de lucro, contra os 12% obtidos em 94. "A indústria não aceitou nossa proposta, alegando dificuldades com a defasagem cambial", afirma Thomé. Para ele, o maior empecilho para a atividade no Brasil, não são as crescentes campanhas contra o tabagismo, mas sim o poder aquisitivo da população. "Quem fuma vai continuar fumando, apesar das campanhas", acredita Thomé. Ele cita como exemplo o Plano Cruzado, quando o poder aquisitivo melhorou e as vendas de cigarro cresceram violentamente. Cerca de 60% da produção de fumo do Brasil são exportados. Esse número coloca o país como um dos principais produtores e exportadores mundiais do produto. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), estima que até 1998 o Brasil deverá produzir 185 bilhões de unidades de cigarros, ocupando a oitava posição mundial. A China, os países da União Européia e os Estados Unidos lideram o ranking. Com exceção de uma queda de granizo, que afetou algumas lavouras, o clima foi favorável para os produtores gaúchos, que pretendem colher 180 mil toneladas. Em Santa Catarina, onde houve excesso de chuvas no meio da colheita, a produção deve atingir 170 mil toneladas. No Paraná, cujas lavouras também receberam muita chuva, a produção é estimada em 40 mil toneladas. São plantadas quatro variedades de fumo na região Sul. A virgínia (mais nobre) e a burley são exportadas. Para o consumo interno, ficam a amarelinha e a comum. Na região de Santa Cruz do Sul (RS), que concentra a maior produção do país, todo o fumo é comprado pelas indústrias Souza Cruz, Universal e Mong. Segundo a Afubra, que conta com 107 mil associados, os produtores ocupam apenas 10% de suas propriedades —de 18 hectares, em média— com o plantio de fumo. O restante é destinado a culturas de subsistência. Texto Anterior: Produtores aguardam verba federal Próximo Texto: Câmara do trigo quer mínimo de R$ 140/t Índice |
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