São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pneu importado usado pode trazer risco

MARCELO TADEU LIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisa do Instituto Nacional de Segurança no Trânsito (INST), realizada com pneus usados importados (vendidos como seminovos), constatou que 85% dos componentes apresentavam algum tipo de avaria de natureza grave ou muito grave.
Os problemas mais comuns verificados pelo INST foram: profundidade da banda de rodagem inferior a 1,6 mm (mínimo legal), desgaste irregular, degradação do material e pneus com mais de cinco anos de uso.
"Encontramos pneus com pregos e até alguns para uso exclusivo em piso com neve", disse Roberto Scaringella, diretor do INST.
Os pneus importados analisados, num total de 120 e comprados em jogos de quatro, foram adquiridos em 30 lojas da Grande São Paulo.
A pesquisa foi realizada em dezembro de 94.
A maioria dos pneus tinha como país de origem a Alemanha (45%), seguido pela França (12,5%) e EUA (10,8%).
Segundo Scaringella, a pesquisa serviu para determinar se os componentes usados não comprometiam a segurança.
"Concluímos que os pneus importados usados, que na verdade são sucata de outros países, são de péssima qualidade", disse Scaringella.
O mercado de pneus importados seminovos comercializou 3,5 milhões de unidades em 94, o que representou no mesmo período 10,3% da produção brasileira, segundo dados do INST.
A média de preços dos pneus seminovos, verificada pelo instituto, é de R$ 26. Um pneu novo tem preço entre R$ 49 e R$ 58.
A pesquisa sofreu severas críticas dos importadores de pneus.
Francisco Simeão, presidente da Abip, entidade que reúne os importadores, disse que o resultado do teste "serve apenas para mascarar a péssima qualidade do pneu nacional".
"A pesquisa foi financiada pelas empresas multinacionais que controlam o mercado brasileiro, como admitiu o próprio instituto".
O INST, segundo o gerente Adauto Martinez, realmente recebeu ajuda financeira da Anip, associação brasileira dos fabricantes de pneus, para realizar o estudo.
"Mas isso não compromete nossa credibilidade, muito menos diminui a importância da pesquisa", disse Martinez.
Para Simeão, porém, o resultado final é tendencioso. "Entre outras coisas, usaram nos testes uma Brasília, de aro 14, um carro que saiu de linha há vários anos, enquanto a maioria dos carros nacionais usa aro 13".

Texto Anterior: Scania lança serviço de atendimento 24h; O NÚMERO; Locadora oferece cartão de crédito; Empresa procura novos revendedores; 3M desenvolve novo produto de vedação
Próximo Texto: Entrada deve ser proibida
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.