São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Indústria de alimentos reduz produção

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda de até 30% nas vendas dos supermercados em janeiro sobre dezembro fez a indústria de alimentos diminuir em 15,8%, na média, a produção, no período.
Levantamento preliminar do ritmo das fábricas no primeiro mês do ano acaba de ser feito pela Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) com 300 empresas.
Para diretores da entidade, o recuo da produção no início do ano é sazonal. Mas lembram que a queda no nível de atividade foi reflexo dos aumentos dos estoques dos supermercados no final de 1994.
Com medo dos eventuais reajustes de preços da indústria na virada do ano, os supermercados correram às compras, dizem.
"Assim, tiveram pouco para repor em janeiro. Como consequência, a indústria reduziu o seu nível de atividade", diz Ronald Rodrigues, vice-presidente da associação.

Igual a 94
Na pesquisa da Abia, a produção das fábricas em janeiro deste ano foi praticamente a mesma de igual mês de 1994. Aumentou apenas 0,65%.
O faturamento das indústrias em janeiro já apresenta crescimento —de 9,2%, em média— quando comparado com o de igual mês de 1994 e queda de 4,7% em relação a dezembro de 1994.
"A receita cresceu sobre janeiro do ano passado porque com o real aumentou o consumo de produtos de maior valor ou de marcas líderes", explica Rodrigues. Na comparação com dezembro, o faturamento é menor por causa da entrada dos importados e da política de descontos da indústria, afirma ele.
"Os números da Abia mostram que não há necessidade de pacote anticonsumo", diz Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para ele, janeiro e fevereiro são tradicionalmente meses mais fracos tanto para o consumo quanto para a produção das fábricas. "Em março, a economia volta ao ritmo do final de 1994."
Nelson Barrizzelli, professor de economia da USP (Universidade de São Paulo), concorda. "Certamente o uso da capacidade instalada das fábricas de alimentos deve caminhar para 80% a partir do mês que vem."
Em janeiro, ainda segundo a pesquisa da Abia, a ocupação das fábricas foi de 69,8%. Chegou a bater em 81,6% em agosto do ano passado.
Para Barrizzelli, não foi surpresa a queda no ritmo de produção da indústria de alimentos em janeiro.
Pesquisa da Faculdade de Economia e Administração da USP feita com 1.340 lojas de supermercados no país mostra que as vendas em janeiro caíram 30% em relação às de dezembro.
"A indústria tinha mesmo que reduzir seu ritmo", afirma Barrizzelli.
Na comparação com janeiro de 1994, no entanto, há crescimento de 10% nas vendas.
A produção de industrializados de carnes (salames, presuntos, mortadelas, linguiças etc.) da Sadia, por exemplo, atingiu em janeiro 21,8 mil toneladas —28% a mais do que em igual mês do ano passado.

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