São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Crise do México pode afetar futuro do Nafta

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A recessão no México vai ter efeitos sobre a economia dos EUA e sobre o futuro do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).
O México é o terceiro maior importador de produtos dos Estados Unidos, após Canadá e Japão. Em 1994, os mexicanos compraram US$ 50,4 bilhões dos Estados Unidos.
Em 1995, o superávit de US$ 2 bilhões obtido pelos Estados Unidos em sua balança comercial com o México vai se transformar em déficit.
A economista Chris Probyn, responsável pelas previsões da financeira DRI/McGraw Hill, acha que os Estados Unidos vão exportar para o México US$ 10 bilhões menos do que o previsto e isso pode representar a perda de 350 mil empregos.
Os adversários do Nafta, aprovado por apertada maioria no Congresso dos Estados Unidos em novembro de 1993 e em vigor desde 1º de janeiro de 1994, aproveitam as dificuldades do México para argumentar contra sua expansão.
Ao final da Cúpula das Américas, em dezembro último, o presidente Bill Clinton convidou o Chile para se juntar ao Nafta.
O fracasso mexicano torna, pelo menos a curto prazo, essa adesão inviável do ponto de vista político nos Estados Unidos.
Os planos de criação de um mercado comum hemisférico no início do século 21 também podem estar comprometidos pela crise mexicana.
O empresário Ross Perot, candidato independente à Presidência dos Estados Unidos em 1992 e um dos líderes anti-Nafta, tem dito que os acontecimentos no México provaram que ele, não Clinton, estava certo.
"Não era nenhum segredo para ninguém que o peso estava sendo supervalorizado artificialmente só até a aprovação do Nafta e que mais cedo ou mais tarde iria despencar", diz agora Perot.
(CELS)

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