São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rapaz mantém crianças como reféns por 3 h

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Manuel Alexandrino de Araújo Neto, 18, foi preso ontem após manter duas crianças, de 8 e 10 anos, como reféns durante quase três horas dentro de um carro, no centro de Recife (PE).
Armado com um revólver calibre 22, Araújo tentou assaltar a mãe das crianças, Glória Maria Ribeiro Asfora. Depois de preso, ele disse à polícia que tinha Aids e queria se matar (leia ao lado).
Glória disse ter sido abordada por Araújo quando buscava os dois garotos na escola, no bairro de Boa Viagem (15 km do centro).
"Ele entrou no carro pela porta de trás, colocou o revólver na minha cabeça e exigiu que eu me dirigisse ao banco onde tinha conta e tirasse todo o meu dinheiro para lhe dar", afirmou Glória Asfora.
Ela dirigiu o carro até o banco Mercantil, no centro do Recife. Enquanto as crianças —Igor, 10, e Leonardo, 8— permaneciam no carro como reféns, ela retirou R$ 1.500 e avisou o gerente do banco.
O gerente, que não foi localizado pela Agência Folha, teria chamado a polícia. O automóvel em que Araújo estava com as crianças foi cercado pelos policiais antes de Glória voltar para o carro.
Segundo a PM, Araújo teria disparado tiros para cima. Os PMs atiraram nos pneus para impedir a fuga. A Polícia Civil chegou em seguida e, após duas horas e quarenta minutos, invadiu o carro —um Fiat Tipo— e prendeu Araújo. As crianças não se feriram.
O rapaz desmaiou ao lutar com os policiais. Pessoas que acompanhavam a movimentação tentaram linchá-lo, mas foram impedidas pela polícia. O acusado foi levado para a Secretaria da Segurança Pública de Pernambuco.
Cerca de 50 policiais civis e militares participaram da operação, que foi tumultuada. A PM chegou a montar um cordão de isolamento, mas mesmo assim várias pessoas acompanharam o caso ao lado dos policiais e do carro onde estavam o rapaz e os reféns.
Valdir Bezerra de Lima, o primeiro policial a invadir o automóvel, disse à Agência Folha que o revólver de Araújo estava sem balas. "Ele apertou o gatilho pelo menos duas vezes", disse Valdir.
Toda a operação foi acompanhada por tios das crianças, o pai, engenheiro Omar Asfora, e a mãe, Glória Asfora. "Foi um choque, um pesadelo", disse Glória.

Texto Anterior: Leitor reclama de falta de água em rua
Próximo Texto: Governo quer evitar lavagem de dinheiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.