São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 1995 |
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Morbidez é marca de inédito
INÁCIO ARAUJO
"O Quarto Verde" foi um previsível fracasso de bilheteria, o que explica o fato de estar inédito até hoje. Truffaut fez o filme quando tinha 46 anos e sentia-se, como disse, "cercado de mortos". Ele mesmo faz o personagem principal. Um homem que lutou na Primeira Guerra e perdeu a mulher logo após o casamento. Ele passa a dedicar sua vida a um verdadeiro culto aos mortos e à recusa ao contato com os vivos. Filme noturno e invernal, "O Quarto Verde" tem seus melhores momentos sempre que evoca diretamente os filmes de horror da Universal dos anos 30. Essa foi a idéia central de Truffaut, e a que ele parece ter desenvolvido com maior cuidado: ao mesmo tempo que falava de sua sensação da morte, promovia a aproximação entre passado e presente (cinema clássico e moderno), entre um gênero eminentemente popular e o erudito. De certa forma, todo Truffaut está aí. Mas o filme tem algo que destoa do Truffaut habitual: o tom é pesado, melancólico, por vezes aterrorizante. (IA) Texto Anterior: Sala quer voltar aos grandes dias Próximo Texto: Só a experiência leva à sabedoria Índice |
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