São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995
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Stephanes busca imposto para sustentar Previdência

MARTA SALOMON; SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo poderá criar uma nova fonte de financiamento para as aposentadorias e pensões, disse à Folha o ministro da Previdência, Reinhold Stephanes.
Esta foi a fórmula encontrada para reduzir os encargos sobre a folha de pagamentos das empresas, um compromisso assumido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Financiamento
No pacote previdenciário a ser encaminhado ao Congresso, em março, serão mantidas as quatro fontes atuais de financiamento para evitar contestações na Justiça. São elas: salários, folhas de pagamentos, faturamento e lucros das empresas.
Mas é pouco. Somente com a criação de uma quinta fonte o governo poderá pôr em prática a promessa de reduzir o chamado "custo Brasil" sobre as folhas salariais das empresas.
Stephanes não concordou em reduzir as atuais contribuições sem que a Previdência tivesse uma compensação. O assunto ainda divide os ministros envolvidos com a reforma.
A proposta de se criar uma alíquota sobre as movimentações bancárias —a exemplo do extinto IPMF (imposto sobre cheques)—, apresentada por Stephanes, é contestada pelos ministros da área econômica.
Teme-se o "efeito cascata" da nova alíquota sobre os preços, informou o ministro, que ainda não descartou a hipótese.
Para driblar o impasse criado no governo, a opção dos ministros da área econômica foi deixar o caminho aberto para a nova contribuição e definir mais tarde como ela seria cobrada.
Entre as alternativas apontadas pela Previdência para baixar os custos está a suspensão das contribuições para entidades privadas de serviço social e treinamento de mão-de-obra, como o Sesi, Senai, Senac e Sesc.
Mas os empresários são contra. Um forte lobby da indústria e do comércio trabalha pela manutenção desta verba, que representa 2,5% sobre todos os salários.
Empurra-empurra
A opção apontada pelos empresários é cortar a contribuição para o salário-educação, de 2,5%, destinada ao Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação.
"Seria um ato de lesa pátria acabar com as contribuições para entidades como o Sesi e o Senai", defende Dagoberto Godoy, presidente do Conselho de Relações Legislativas da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
"Esta é uma guerra de empurra-empurra", concluiu Stephanes, que concorda com a tese de baixar o chamado "custo Brasil" para dar maior competitividade à produção nacional.
O ministro resiste ao corte nas contribuições que financiam a Previdência. "Só podemos reduzir as contribuições se houver uma compensação", afirma.

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